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    Governo de SP, agora, quer ouvir professor sobre bonificação

    PAULO SALDAÑA
    GUILHERME MAGALHÃES
    DE SÃO PAULO

    30/03/2016 02h00

    Após a suspensão do pagamento de bônus deste ano aos professores e servidores da educação paulista, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu iniciar uma consulta na rede para que os profissionais escolham entre receber a gratificação ou um reajuste salarial estimado em 2,5% pela secretaria da Educação.

    A enquete foi divulgada nesta terça (29), em mensagem na intranet dos servidores da educação paulista. O secretário da Educação, José Renato Nalini, afirmou à Folha que a pasta decidiu pela consulta depois de receber manifestações de servidores contrários à suspensão do bônus. Historicamente, os sindicatos da categoria são críticos da bonificação, mas criticam a proposta de reajuste salarial de apenas 2,5%.

    Marlene Bergamo/Folhapress
    Em junho de 2015, professores da rede estadual saíram de uma greve de 89 dias sem reajuste
    Em junho de 2015, professores da rede estadual saíram de uma greve de 89 dias sem reajuste

    "Eles [Apeoesp, principal sindicato dos professores] fizeram a proposta. Em vez de bonificação, que premia apenas uma parcela do magistério, a classe preferiria que esse dinheiro fosse convertido em reajuste linear, igual para todos", disse Nalini. De acordo com a secretaria, a queda na arrecadação e a crise econômica levaram a uma redução no valor destinado ao bônus neste ano –R$ 500 milhões, ante R$ 1 bilhão no ano passado.

    "Quando pegamos o dinheiro reservado ao bônus e fizemos o cálculo do que caberia a cada servidor, nós vimos que o máximo seria 2,5%", completa Nalini. A adoção de bonificação por desempenho é parte central da política educacional do Estado. Criada em 2008, é a primeira vez que não é paga.

    A categoria também está sem reajuste desde julho de 2014 e fez, no ano passado, uma greve que durou 89 dias. A inflação acumulada pelo IPCA no período é de 16%.

    A Apeoesp afirma que a consulta foi unilateral. Defende que esse debate seja realizado na assembleia da categoria, no próximo dia 8. "A consulta significa que o governo não tem norte", afirmou a presidente da entidade, Maria Izabel Noronha. Os servidores podem responder à enquete até as 14h desta quinta (31). Segundo Nalini, o resultado da consulta não será definitivo, e sim mais um elemento considerado.
    frustração

    O anúncio da suspensão do bônus frustrou os servidores da educação, que contavam com o dinheiro, pago anualmente sempre em março. "Fazia dois anos que a escola não batia a meta no [ensino] fundamental. Agora que conseguimos, o governo cancela. Foi um balde de água fria", afirmou o professor Paulo Lucchini, 40, em referência às metas do último Idesp –índice de qualidade do Estado adotado como critério para o pagamento.

    A situação é pior para quem é agente escolar –com salário-base menor, o bônus faz mais diferença no caso deles. "A notícia foi péssima", disse a agente escolar de uma escola do centro da capital que pediu para não ser identificada. Há nove anos na rede, ela tem salário-base de R$ 1.000 e recebeu em 2015 um bônus de R$ 1.400.

    No ano passado, 232 mil servidores receberam um total de R$ 1 bilhão em bônus. Há casos em que os profissionais recebem até três salários.

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