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    ensino fundamental 2

    Ignorado por políticas públicas, ensino fundamental 2 tem baixa qualidade

    FÁBIO TAKAHASHI
    EDITOR-ADJUNTO DE "TREINAMENTO"
    BRUNO BENEVIDES
    DE SÃO PAULO

    28/04/2016 02h00

    Raquel Cunha/Folhapress
    Da esq. para a dir. os alunos Julia Gomes, 11, Michele Soares, 14, Kayuan Fernando Ricco, 11, Leandro Araujo 11, Vitoria Carolina Diniz, 13 e Sarah Lopes da Silva, 14, que estão no ensino fundamental 2 da Escola Estadual Ayres de Moura
    Da esq. para a dir. os alunos Julia Gomes, 11, Michele Soares, 14, Kayuan Fernando Ricco, 11, Leandro Araujo 11, Vitoria Carolina Diniz, 13 e Sarah Lopes da Silva, 14, que estão no ensino fundamental 2 da Escola Estadual Ayres de Moura
    Raquel Cunha/Folhapress
    Da esq. para a dir. os alunos Julia Gomes, 11, Michele Soares, 14, Kayuan Fernando Ricco, 11, Leandro Araujo 11, Vitoria Carolina Diniz, 13 e Sarah Lopes da Silva, 14, que estão no ensino fundamental 2 da Escola Estadual Ayres de Moura
    Da esq. para a dir. os alunos Julia Gomes, 11, Michele Soares, 14, Kayuan Fernando Ricco, 11, Leandro Araujo 11, Vitoria Carolina Diniz, 13 e Sarah Lopes da Silva, 14, que estão no ensino fundamental 2 da Escola Estadual Ayres de Moura

    Treze milhões de alunos no país estudam numa etapa que está estagnada em baixo patamar de qualidade. O ciclo em questão compreende do sexto ao nono anos, os últimos do ensino fundamental, que idealmente recebem estudantes entre 11 e 14 anos.

    Não há políticas governamentais suficientes para o aprimoramento dessa fase da educação básica brasileira, uma carência que é reconhecida até mesmo por gestores públicos da área.

    Nessas séries, o aluno deixa de ter apenas um professor, que leciona português e matemática, para responder para cerca de dez –o número depende do projeto pedagógico de cada colégio.

    Essa mudança, dizem especialistas, é feita de forma brusca, sem que a criança seja preparada, afetando um aluno já impactado por conflitos típicos da puberdade.

    Números oficiais evidenciam a dificuldade dos alunos ao ingressarem nesse nível: o sexto ano, que abre a etapa final, tem a maior taxa de reprovação (15%) e abandono (3,8%) entre as nove séries do ensino fundamental.

    "Há uma lacuna nessa etapa", afirma o vice-presidente do conselho de secretários estaduais de Educação, Rossieli Soares da Silva.

    Perfil do estudante brasileiro do ensino fundamental 2

    ESFORÇO E DISCUSSÃO

    "Há um justo esforço do país para alfabetizar nas primeiras séries. Para o ensino médio, há discussão sobre currículo. Os anos finais do fundamental ficaram um pouco de lado", diz Silva.

    Para o processo de alfabetização, há um programa federal de capacitação de docentes e elaboração de materiais. Para o ensino médio, o próprio conselho trabalha na reestruturação curricular.

    "Sentimos falta de programa nacional para os anos finais do fundamental", diz o presidente da união dos secretários municipais de Educação, Alessio Costa Lima.

    "A maioria dos municípios não tem capacidade para investir nas escolas. O dinheiro está com a União."

    Estados e municípios concentram 85% das matrículas dessa etapa do país.

    Alunos dos anos finais do fundamental não apresentam melhora nos seus indicadores desde 2009, segundo monitoramento da ONG Todos pela Educação, feito com base em dados da avaliação federal chamada Prova Brasil.

    Por exemplo: apenas 16% se formam nessa etapa com conhecimento considerado adequado em matemática.

    A partir de 2005, com as melhorias nos indicadores dos primeiros anos do fundamental, esperava-se que, como numa onda, alunos que progrediram no quinto ano teriam desempenho melhor nas séries seguintes. Autoridades da área de educação afirmavam, na época, que o sistema todo se beneficiaria.

    "Os dados mostram que isso não ocorreu. A melhoria não vem por inércia", diz Paula Louzano, que é doutora em educação pela Universidade de Stanford (EUA). "Precisamos interferir nas variáveis dos anos finais do fundamental", diz Louzano.

    A pesquisadora cita como exemplos a definição de um currículo nacional (em debate no Ministério da Educação) e mudança na formação de professores do ensino básico –necessidade que é consenso entre gestores e especialistas ouvidos pela Folha.

    A formação atual tem "visão muito acadêmica" e pouco sobre psicologia do desenvolvimento, diz a professora de geografia da USP Sueli Furlan, que trabalha com formação dos docentes. Ela diz haver resistência contra as mudanças nas universidades.

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