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    Estudantes de SP invadem plenário da Assembleia e pedem CPI da merenda

    RODRIGO RUSSO
    PAULO GOMES
    DE SÃO PAULO

    03/05/2016 18h41

    Em meio à ocupação de escolas técnicas, alunos de colégios estaduais de São Paulo invadiram o plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo no final da tarde desta terça-feira (3).

    A sessão que acontecia no momento foi interrompida e o prédio foi cercado por policiais militares. Do lado de dentro, cerca de 150 estudantes estenderam faixa pedindo a investigação do presidente da Assembleia, Fernando Capez (PSDB).

    O tucano foi citado em delação como destinatário de parte da propina na chamada "máfia da merenda", o que ele nega. A investigação apura a suspeita de um esquema de superfaturamento na distribuição de suco de laranja para a rede pública, garantido por propinas de 10% a 30% dos valores acertados.

    Uma das jovens na assembleia, Nayara Souza, 20, da Fatec, disse que os estudantes não sairiam enquanto não fossem recolhidas assinaturas suficientes para a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar o caso.

    Do plenário, onde fizeram barricada com poltronas da assembleia, os jovens ironizaram parlamentares a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), que citaram a família em seus votos. Os jovens diziam votar pela família dos mais pobres, que dependem da merenda. "Capez, ladrão, vai sair de camburão" foi um dos gritos entoados pelos estudantes.

    Fraude da Merenda

    O deputado Campos Machado (PTB) saiu em defesa de Capez e disse que as suspeitas de irregularidades na merenda já são investigadas pelo Ministério Público. "A democracia foi massacrada hoje", afirmou.

    A invasão da assembleia se seguiu à ocupação de escolas técnicas por estudantes que reivindicam a oferta de alimentação. No total, o movimento chegou a sete unidades da gestão Alckmin (PSDB).

    Quatro tiveram atividades paralisadas: a Etesp, na região central, a Basilides de Godoy, na Vila Leopoldina (zona oeste de SP), a Jardim Paulistano, na zona norte, e a Santa Ifigênia, que funciona no Centro Paula Souza, também ocupado pelos alunos.

    OCUPAÇÕES

    Desde a última quinta-feira (28), estudantes ocupam o Centro Paula Souza, pedindo melhorias nas merendas distribuídas nas Etecs (escolas técnicas estaduais). O Paula Souza é o responsável pela administração de 219 Etecs e 66 Fatecs (faculdades de tecnologia), em mais de 300 municípios.

    Após ordem de reintegração de posse expedida no domingo (1º), a Polícia Militar entrou no prédio ocupado pelos estudantes na manhã de segunda-feira (2), sob ordem do secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes.

    A entrada da PM, justificada pela secretaria como um meio de assegurar o acesso dos funcionários do Paula Souza ao local de trabalho, foi considerada ilegal pela Justiça de SP, por não haver mandado para o cumprimento da reintegração. Depois de determinação para deixar o centro, a PM saiu do prédio na noite de segunda.

    A audiência de conciliação que decidirá sobre a reintegração de posse foi marcada para esta quarta-feira (4).

    Após a entrada dos alunos no Centro Paula Souza, mais quatro escolas foram ocupadas e outras três tiveram registro de manifestações, as Etecs de Pirituba e Jaraguá, na capital paulista, e de Embu, na região metropolitana. Apenas na escola de Jaraguá as aulas foram totalmente interrompidas.

    PROTESTOS - Estudantes ocupam o Centro Paula Souza, autarquia que administra as Etecs de SP, e quatro escolas técnicas

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