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    vestibular no meio do ano

    Professores pop usam de humor a neurociência em aulas de cursinhos

    LUCIANA ALVAREZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    15/05/2016 02h00

    Para fazer o aluno passar no vestibular, os professores mais populares dos cursinhos de São Paulo vão além do ensino do conteúdo. Contam piadas, exibem filmes, tentam aproximar a matéria do cotidiano do estudante e estudam neurociência.

    Para Rodrigo Fulgêncio, coordenador da turma de medicina do cursinho Poliedro e professor de física, é a compreensão que torna as aulas interessantes e não o perfil cômico do docente.

    "Não existe matéria chata, existe aquilo que você não entende. Estudar assim se torna doloroso", afirma. "O professor tem que estar atento se os alunos estão compreendendo, para poder adaptar a matéria e tentar outras formas de exposição", diz.

    Professor de história, filosofia e sociologia também no Poliedro, Rodolfo Neves tem perfil extrovertido e gosta de fazer graça, mas diz que faz tudo dentro do contexto.

    "Não faço stand-up comedy. Posso falar algo jocoso sobre o assunto, mas nunca vou parar aula para fazer piada."

    Segundo Neves, as brincadeiras têm o propósito de recuperar a atenção dos alunos. "Uma pesquisa com jovens nos EUA mostrou que eles têm picos de concentração que duram sete minutos, depois disso começam a se dispersar", afirma ele, que costuma ler sobre neurociência para aperfeiçoar sua forma de ensinar. "Uma boa aula não precisa ser rebuscada, ela tem é que fazer sentido para o aluno", diz.

    Já Maria de Lourdes Cunha, professora de literatura do Objetivo, considera que a busca pela proximidade se dá no conteúdo e na forma. "Se não estou usando a lousa, desço do tablado para ficar perto deles. Tento explicar de maneira direta, usando o vocabulário dos alunos."

    Para deixar a aula dinâmica, ela recorre a vários artifícios: faz piadas, interpreta passagens de livros, põe música e exibe filmes. Quando nada mais resolve, apela para a consciência da turma. "Sou sincera e tem hora que falo: 'este trecho é chato, mas é importante'", conta ela.

    Tantos recursos só funcionam, porém, porque a professora sabe do que está falando. "Das obras clássicas, já tenho muita bagagem, mas estou sempre pesquisando", diz.

    Professor de geografia do Anglo e autor do material didático usado no cursinho, Pablo Lopez concorda que o conhecimento do assunto é o mais importante. "Tive que estudar tudo, decifrar o que é mais relevante, para transmitir de uma forma que faça sentido. Na sala, isso me traz segurança", afirma.

    Essa segurança em passar o conteúdo vale mais do que a performance humorística. "O grau de cobrança nos vestibulares é tão elevado que um professor que faça só piadas não cola mais. Os alunos gostam quando sentem que estão aprendendo o que é necessário para serem aprovados."

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