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    vestibular no meio do ano

    Passar no vestibular exige controle de ansiedade e estudo estratégico

    NADIA PONTES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    15/05/2016 02h00

    Desde fevereiro, Gabriela, Mariana, Giulia e Marina dividem quase tudo. Elas se mudaram para o pensionato de um cursinho em São José dos Campos (90 km de São Paulo) depois de terem sido reprovadas no vestibular do começo do ano.

    Agora, as moças vivem em um apartamento de dois quartos, com comida e roupa lavada, com o objetivo comum de intensificar os estudos para realizar o sonho de passar em medicina.

    Para aumentar o tempo de estudo, Mariana Forrer Sosa, 19, deixou o apartamento que dividia com a irmã no Rio e foi para o pensionato. "Lá eu tinha outras responsabilidades, como ir ao mercado e fazer os serviços de casa. Isso tomava muito tempo", explica.

    Suas companheiras também trocaram suas cidades pelo interior de São Paulo: Gabriela Barbosa, 17, veio de Resende (RJ); Marina Buhatem, 18, de São Luís (MA); e Giulia Cristina Bortoluzzo, 18, de Brasília (DF). Elas pagam cerca de R$ 3.400 por mês, metade pela moradia e o resto para as aulas.

    Sem condição financeira de arcar com esses custos, Adriano Marinho, 22, frequenta um cursinho gratuito, também em São José.

    Depois de quatro anos seguidos de vestibulares, ele tentará pela primeira vez a prova do meio do ano. "Vai ser bom conseguir uma aprovação depois de tantos anos", diz ele, que quer fazer engenharia mecânica.

    "É cruel ter que escolher, já nessa idade, uma profissão para o resto da vida. Mas escolher uma profissão é, acima de tudo, escolher um modo de viver", diz Paulo Motta, especialista no tema e professor da Unesp. "Infelizmente, essa viagem é solitária."

    Lidar com toda essa pressão é muito difícil para quem está saindo da adolescência, mas não há como escapar, diz Fernando Elias José, psicólogo e consultor em preparação emocional para vestibulares. "Apesar da pouca idade, esses jovens precisam aceitar o sentimento de angústia e a ansiedade. O segundo passo é identificar a fonte dessa angústia: é a cobrança dos pais ou cobrança própria?", diz.

    Para o psicólogo, "a ansiedade pode ser usada como um combustível". "Ela move o aluno, só não pode ultrapassar o nível saudável e virar dor", afirma.

    Já Motta, da Unesp, defende que o sucesso só vem quando o vestibulando descobre o jeito próprio de estudar. "Acredita-se que o local de estudo tenha que ser arejado, limpo, iluminado. Tudo balela. O melhor ambiente é aquele onde o aluno realmente consegue compreender o que estuda. Meu filho se preparava com a TV ligada na MTV e passou."

    A estratégia de Lívia Leite, 17, inclui manter a maior distância possível do smartphone para evitar distrações nas redes sociais. O aparelho só vira ferramenta quando ela tem alguma dúvida urgente. "Mando a pergunta por meio de um aplicativo do cursinho, a resposta vem em minutos."

    Ela tentará direito, após tentativa frustrada de conseguir a vaga no início do ano. "Não estava tão focada. Agora estudo tudo o que aprendo no dia, faço exercícios e reviso o que errei."

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