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    vestibular no meio do ano

    Lutar ou fugir: saiba como estudantes conciliam estudos e vida pessoal

    DHIEGO MAIA
    DE SÃO PAULO

    15/05/2016 02h00

    A corrida por uma vaga na universidade leva muitos estudantes a sacrificar a vida pessoal. Mas relaxar e sair também são estratégias usadas para amaciar o caminho até a aprovação.

    Amanda Ferreira, 21, do cursinho Poliedro, em São Paulo, diz ser preciso "parar a vida" se a meta for universidade pública. Faz quatro anos que ela tenta medicina.

    Gasta 14 horas do dia estudando e fez mais neste ano: "Terminei o namoro, bloqueei o 3G do celular para evitar distração e deixei de sair".

    Já Caio Milanesi, 21, que está na reta final para as provas de medicina na faculdade do Hospital Albert Einstein, passa nove horas por dia sobre os livros, mas compensa com corrida diária de dez quilômetros no parque.

    E guarda o domingo para os amigos. "A gente não pode deixar o lazer de lado. A balança nunca vai ficar equilibrada."

    O engenheiro naval Francisco Pequê, que leciona física no Poliedro, desaconselha a atitude de largar tudo para estudar. Quem faz isso, diz, se distancia da família "e perde um ponto de apoio fundamental em fase complicada".

    Mas há um tipo de aluno que sente necessidade de dedicar muito tempo à preparação, pondera o professor de história Célio Tasinafo, do cursinho Oficina do Estudante, em Campinas. "Se ele não estuda o tanto que acha importante, fica ansioso. Tirá-lo disso é mais prejudicial."

    Cada um tem seu jeito de ser, sustenta o professor. "É preciso respeitar. Sacrifício só é ruim se isso incomoda o jovem, se ele fica se remoendo. Agora, se está estudando e nem se lembra que teve o show não sei das quantas, então, que estude."

    Se o curso pretendido tem muita demanda, a dedicação deve ser grande, opina Vera Antunes, coordenadora o Centro Educacional Objetivo: "Isso porque os concorrentes são homogêneos, e a vaga sai no detalhe".

    Estudar demais pode fazer mal, literalmente, mostra Monique Miranda, 21, que luta por vaga em medicina. "Ano passado, atingi nível de estresse gigantesco, meu cabelo começou a cair. Tive que buscar ajuda clínica."

    Ela diz estar mais calma após ter feito um plano de estudo com uma orientadora do Poliedro. "Não tem desespero. Sei que preciso estudar mais matemática e física."

    Outra que pecou por excesso foi Marcela Takahashi, 19. "Achava que fazer muitos exercícios me daria a vaga. Tive gastrite e ainda estou aqui." Agora, ela tem viajado mais para a casa dos pais, em Ilha Solteira (a 660 km da capital). "Nem levo apostila."

    Eloisa da Silva, 18, que prestará engenharia na Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho), vê outro risco no exagero. "Quem só estuda fica desinformado."

    Ter repertório cultural é fundamental para ter êxito nas provas, concorda Paulo Moraes, diretor do Anglo. "Eles estudam e não dão conta do conhecimento que está fora dos livros. Hoje, levamos os vestibulandos a museus. Tem jovem que nunca havia pisado no Masp."

    PRECONCEITO

    O vestibular no meio do ano carrega o estereótipo de ser de "segunda linha", mais fácil e menos concorrido quando comparado com as provas realizadas no final do ano.

    Essa imagem ganhou força em razão de haver menos cursos e vagas oferecidos no período por instituições de prestígio.

    Em São Paulo, a Unesp é a única universidade pública com seleção no meio do ano. Oferece 360 vagas para as engenharias. "Como não tem vestibular para medicina, muitos alunos usam essas provas como treino", diz Célio Tasinafo, professor de história do Oficina do Estudante.

    Mas é engano achar que o exame é mais fácil, diz Francisco Pequê, professor de física no Poliedro. "As provas têm o mesmo peso e a mesma cobrança das demais."

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