A Polícia Militar do Rio retirou à força estudantes que ocupavam a sede da Secretaria do Estado da Educação, no Santo Cristo, zona norte da cidade, em protesto contra as condições das escolas estaduais.

Secundaristas ocuparam o prédio da secretaria na tarde desta sexta (20). O Batalhão de Choque da PM retirou os manifestantes durante a madrugada deste sábado, por volta das 4h, em ação que envolveu o uso de spray de pimenta contra os estudantes –parte dos quais menores de idade.

Segundo o jornal "O Globo", aos menos dois jovens desmaiaram e outros sofreram escoriações durante a ação. A Folha questionou a Secretaria da Educação do Rio sobre a existência de um pedido judicial para reintegração de posse, mas não obteve resposta.

	jose lucena/Futura Press/Folhapress
	Policiais retiram à força estudantes que protestavam no interior da Secretaria da Educação

Na tarde deste sábado (21), alguns alunos permaneciam na porta do prédio. Segundo eles, a polícia desocupou a unidade de forma violenta, com agressões aos jovens. "Os policiais entraram derrubando mesas, nos empurraram, bateram, jogaram o spray de pimenta, mesmo sabendo que havia menores e que nossa ocupação era legítima", disse Tainá de Lemos, 15, aluna da Colégio Estadual Caic Tiradentes.

Em nota, o comando da PM informou que os policiais levaram 30 minutos para encerrar a ocupação e que a força foi utilizada porque alguns resistiram a sair pacificamente. "Houve diálogo entre o Batalhão de Choque e os estudantes que inicialmente concordaram com a saída. Em seguida, após reunião com representantes sindicais, os estudantes retrocederam do acordo. Neste momento, esgotados todos os mecanismo de negociação, foi necessário o uso progressivo da força (utilizados sprays de pimenta) para que a sede fosse desocupada", disse a corporação, em comunicado

Os estudantes exigiam uma reunião com o novo secretário da Educação, Wagner Victer, oficializado no cardo na terça (16), para discutir demandas de cerca de 70 colégios ocupados no Estado.

Eles foram atendidos e passaram cerca de três horas em uma reunião com o secretário, na qual puderam fazer suas reivindicações. Depois do encontro, alguns estudantes deixaram o prédio. Outros, no entanto, solicitaram um encontro com o governador em exercício, Francisco Dornelles (PP), e decidiram permanecer na sede da secretaria. Nesta madrugada, a polícia interveio.

"O compromisso estabelecido pelos ocupantes era de que ao serem recebidos e terem debatidas as pautas, desocupariam o local, o que foi cumprido por 90% dos ocupantes, que cumpriram o combinado ao final da assembleia. Cerca de uma dezena de ocupantes se recusou a sair", disse a Secretaria da Educação do Rio, em nota.

Segundo o estudante Felipe Gomes, 18, do Colégio Estadual Olga Benário Prestes, os estudantes queriam uma audiência com o governador porque não viam na figura do atual secretário alguém que atenderia suas demandas. "Estávamos há muito tempo conversando com a secretaria, mas nada era resolvido. O [Wagner] Victer entrou revogando as promessas que o secretario anterior fez para a gente. Então, queríamos falar com o governador para que ele resolvesse a nossa situação", disse Gomes.

Essa foi a segunda vez que manifestantes ocuparam a sede da Secretaria da Educação. Antes, no dia 5 de maio, cerca de cem estudantes entraram no prédio exigindo uma reunião com o então secretário, Antônio Neto.

Na ocasião, a saída do prédio foi feita de forma pacífica, poucas horas depois do início do protesto. Após negociações, o chefe de gabinete da secretaria, Caio Castro Lima, garantiu um encontro entre estudantes e o secretário. Logo em seguida, a ocupação foi encerrada.

Em meio à crise na educação, com a ocupação por estudantes de cerca de 70 escolas em todo o Estado, o então secretário, Antônio de Paiva Neto, pediu exoneração no último dia 16. O movimento de ocupações completava 56 dias quando ele '[pediu afastamento do cargo]":http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2016/05/1772106-com-escolas-ocupadas-wagner-victer-assume-secretaria-da-educacao-do-rj.shtml.

Assumiu Wagner Victer, engenheiro de carreira que presidia a Faetec, a fundação das escolas técnicas do Rio. Antes disso, Victer presidiu a Cedae, a companhia de águas e esgoto que opera no Estado do Rio.