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    Médicos do Hospital Universitário da USP decidem entrar em greve

    PAULO SALDAÑA
    DE SÃO PAULO

    24/05/2016 15h49

    Os médicos do HU (Hospital Universitário) da USP (Universidade de São Paulo) decidiram entrar em greve a partir da próxima segunda-feira (30). Os profissionais exigem contratação de médicos para repor demissões e desfalques de profissionais.

    Os servidores técnico-administrativos do HU já haviam decidido pela paralisação na segunda-feira (23), além de outras unidades já paralisadas. Os professores também decidiram entrar em greve a partir de segunda.

    Fernando Donasci - 16.jan.2014/Folhapress
    Vista aérea da USP (Universidade de São Paulo)
    Vista aérea da USP (Universidade de São Paulo)

    De acordo com o vice-diretor clínico do HU, Gerson Salvador, a unidade tem um déficit de 43 médicos desde 2014. O que representa queda de 20% no total de 213 cargos.

    "Temos uma pauta simples: a contratação de profissionais para que o hospital possa atender a população com qualidade e dignidade", diz ele, que é diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo. "Por falta de recursos humanos, temos trabalhado com pacientes aglomerados no pronto socorro, equipes da emergência sem condições de atendimento."

    Foram fechados 56 leitos (25% do total) de atendimento. Na UTI, oito acabaram desativados (40% do total), segundo a direção da unidade.

    O esvaziamento das equipe começou a partir de 2014, quando a reitoria da USP aprovou um PDV (Plano de demissão Voluntária) de servidores, como forma de adequar os gastos da universidade com folha de pagamento. Na época também foi proposto plano de desvinculação do HU da USP. A unidade passaria para o governo de São Paulo.

    A transferência está congelada na reitoria. Até agora, a universidade não indicou planos de recompor as equipes. Os médicos realizaram naquele ano uma paralisação.

    SAÍDA

    Salvador, do HU, afirma que 18 médicos saíram no plano de demissão voluntária em 2014. Depois disso, outros 25 médicos deixaram o local. "As condições prejudicam também a formação dos alunos de Medicina que atuam no HU. Com pacientes aglomerados, prejudica a boa formação prática, técnica e ética dos médicos", diz ele.

    Mesmo com a greve, os profissionais de saúde do hospital afirmam que todo o serviço de urgência e emergência será mantido. Os tratamentos de pacientes internados e de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) também serão garantidos.

    Além dos médicos, saíram no PDV outros 195 funcionários técnico-administrativos. Desde o dia 12 os trabalhadores da universidade estão paralisados.

    Tanto professores quanto servidores exigem reajuste de 12%. Além de aumento, os profissionais também criticam o "sucateamento" da universidade. A situação do Hospital Universitário é um dos exemplos desse processo, segundo os sindicatos dos professores (Adusp) e dos Trabalhadores (Sintusp).

    O Cruesp (Conselho dos Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo), que reúne USP, Unesp e Unicamp, haviam oferecido reajuste de 3% aos servidores das três instituições. A USP, entretanto, produziu parecer em que conclui que até mesmo este percentual de aumento seria "tecnicamente inviável" por causa das condições financeiras da universidade.

    O Conselho Universitário, órgão máximo da instituição, reúne-se na tarde desta terça-feira (24) para decidir sobre possível proposta de reajuste.

    RAIO-X DA USP

    > 6.055 professores e 15.516 funcionários técnico-administrativos
    > 94,8 mil alunos na graduação e pós-graduação¹
    > R$ 4,9 bilhões é o orçamento inicial da USP para 2016, mas a universidade calcula que deixará de receber ao longo do ano R$ 290 milhões (6%)
    > 104% é quanto a folha de pagamento da USP consome com relação às transferências do Estado

    Já entraram em greve

    • Administração Central
    • Hospital Universitário (HU)
    • Cepeusp (Centro de Práticas Esportivas)
    • Biblioteca Brasiliana
    • Servidores dos campi Ribeirão Preto, Bauru e São Carlos

    Prometem parar na segunda (30)

    • Professores ligados à Adusp (Associação de Docentes da USP)
    • Médicos do Hospital Universitário

    Funcionários querem

    • Aumento de 12,34% –sendo 9,34% de reajuste da inflação e 3% de perdas anteriores

    USP está oferecendo

    • Reajuste de 3%, assim como propõem Unesp e Unicamp

    Outras reivindicações

    • Interrupção de projeto sobre alteração de carreira docente
    • Abertura das contas da universidade
    • Ampliação dos repasses do ICMS às universidades
    • Contratação imediata para recompor quadro de servidores
    • Abandono do plano de desvinculação do HU e ampliação de atendimento de creche


    ¹Anuário estatístico da USP (2014)

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