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    Em crise e em greve, hospital da USP limita acesso a pronto-socorro noturno

    PAULO SALDAÑA
    DE SÃO PAULO

    02/06/2016 17h29

    O HU (Hospital Universitário) da USP, que enfrenta um desmonte nos últimos anos, vai interromper o atendimento de pronto-socorro noturno na próximo semana. Só atendimentos emergenciais serão realizados a partir da sexta-feira (10).

    A unidade havia limitado em 2015 o pronto-socorro infantil no período noturno, das 19h às 7h. Comunicado da direção do HU oficializa o mesmo procedimento agora também para os adultos. Só emergências serão aceitas.

    Zanone Fraissat/Folhapress
    SAO PAULO/SP BRASIL. 01/06/2016 - Medicos e funcionarios do Hospital Universitario da USP em greve fazem passeata pedindo contratacoes. Eles saem do portão 1 da USP e fazem caminhada ate o Palacio dos Bandeirantes.(foto: Zanone Fraissat/FOLHAPRESS, COTIDIANO)***EXCLUSIVO***
    SAO PAULO/SP BRASIL. 01/06/2016 - Medicos e funcionarios do Hospital Universitario da USP em greve fazem passeata pedindo contratações.

    A redução no atendimento é reflexo da falta de profissionais e consequente fechamento de 49 leitos desde 2013. Esse processo ocorreu após a universidade realizar em 2014 um PDV (Plano de Demissão Voluntária) na universidade.

    Desde então, o HU perdeu 43 médicos e 195 técnico-administrativos. Por causa da crise financeira na USP, novas contratações estão congeladas em toda universidade.

    Entre 2013 e 2015, o número de consultas ambulatoriais caiu 30%, de 138 mil para 96 mil, conforme a Folha revelou nesta quinta-feira (2). As urgências recuaram 24%, o que representa 65 mil casos a menos no período. Já nas internações, houve queda de 21% no mesmo período. Procedimentos cirúrgicos, por sua vez, minguaram 25%.

    A limitação do atendimento no pronto socorro, segundo o texto, tem o objetivo de seguir "padrões mínimos de segurança e qualidade do atendimento à população e ensino dos alunos de graduação e pós-graduação da Faculdade de Medicina".

    "Durante o período das 19h às 7h, as equipes reduzidas ficarão responsáveis pelos pacientes em observação na retaguarda do Pronto Socorro e pelos atendimentos dos casos emergenciais", cita comunicado da Superintendência do hospital.

    Os médicos do HU estão em greve desde segunda-feira (30) e exigem contratações. Servidores técnico-administrativos do hospital também aderiram à paralisação puxada pelo Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP). Uma das pautas do movimento é a interrupção do "sucateamento do hospital".

    Apesar da greve, atendimentos emergenciais e acompanhamento de casos graves estão sendo garantidos pela equipe médica. Além da redução dos procedimentos, o atendimento tem sido precarizado, com pacientes sendo atendidos em macas nos corredores da sala do pronto socorro.

    O HU é o único hospital de referência da região da zona oeste da capital paulista. Cerca de 600 mil pessoas dependem dele, segundo o Conselho Gestor de Saúde do Butantã.

    A reitoria da USP apresentou em 2014 plano de desvinculação do hospital da universidade. Parte da comunidade acadêmica foi contra e o processo está parado desde então.

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