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    Estudante que usa computador em casa tem nota melhor, aponta estudo

    GABRIEL RIZZO
    DA EDITORIA DE TREINAMENTO

    05/06/2016 02h00

    Danilo Verpa/Folhapress
    Marina Schor, 18, usa o computador em casa desde criança
    Marina Schor, 18, usa o computador em casa desde criança

    Estudante que usa de forma moderada o computador em casa tende a obter melhor desempenho na escola, mostram pesquisas recentes. O panorama é diferente do apresentado por estudos anteriores, que indicavam efeito negativo do equipamento.

    Publicada no primeiro trimestre deste ano, uma pesquisa da UFPel (Universidade Federal de Pelotas), no Rio Grande do Sul, constatou que a reprovação entre jovens de 11 anos que usavam computador em casa era 34% menor.

    A pesquisa é a mais ampla já feita no país sobre o tema –acompanhou 5.249 alunos das redes pública e particular de Pelotas por oito anos. O mesmo grupo foi analisado aos 11, 15 e 18 anos.

    Em todos os casos, quem usava computador em casa reprovou menos. Aos 18 anos, o índice foi 23% inferior. Quanto mais cedo o estudante iniciava o uso, melhores eram os resultados.

    Outro estudo, da Unicamp, de 2014, leva a conclusões semelhantes. Alunos que possuíam computador em casa tiveram resultados melhores na Prova Brasil, avaliação federal nas escolas públicas.

    Uma das autoras do estudo, Magda Damiani afirma que pelo tamanho da amostra e pelo tempo de observação, os dados podem ser aplicados à realidade nacional.

    A pesquisadora destaca que o acompanhamento dos pais é primordial para o resultado. "Minha hipótese é que crianças aos 11 anos [faixa com os melhores resultados] tinham o controle dos pais sobre o uso", afirma.

    A coordenadora do Laboratório de Mídias Digitais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Fátima Regis, diz que os benefícios decorrem do acesso a diversas linguagens e sentidos. "A máquina cria novos desafios, ao exigir domínio sobre várias informações", diz.

    Marina Schor, 18, escreveu uma das melhores redações do Enem em 2014, com nota 900 –a nota máxima na prova é 1.000. Em setembro ela começa o curso de biologia na Universidade de British Columbia, no Canadá.

    O computador faz parte de seu dia a dia desde os sete anos. "Uso muito o computador. Na escola, era uma das que mais usava. Acho que ajudou a me desenvolver. Mas também sempre li muito, tanto no papel como na tela."

    PROBLEMA

    "Os meios digitais estão se tornando o maior problema educacional", diz Valdemar Setzer, professor aposentado do Departamento de Ciências de Computação da USP. Para ele, a oferta de estímulos dificulta o aprendizado. "A criança só brinca no computador, o impacto é péssimo. Elas se distraem."

    Um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico aponta que alunos que usam computador todos os dias na escola tendem a ter notas piores do que os que usam moderadamente ou nunca usam.

    O melhor desempenho foi dos de uso até duas vezes por semana. Segundo Setzer, é difícil controlar o manuseio, se até os pais usam constantemente.

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