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    Só 21% dos calouros das principais unidades da USP vêm da rede pública

    PAULO GOMES
    PAULO SALDAÑA
    DE SÃO PAULO

    29/06/2016 21h04 - Atualizado às 20h11

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    Estudantes passam por calcadão em frente a FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP)
    Estudantes passam por calcadão em frente à faculdade de economia da USP

    Dos 1.752 alunos que ingressaram neste ano nas três faculdades mais tradicionais da USP que ainda não aceitaram estudantes via Sisu, apenas 21% são oriundos da rede pública.

    No Brasil, 87% dos estudantes do ensino médio são de escolas públicas, de acordo com o censo escolar de 2015 do Ministério da Educação. Em São Paulo, são 85%.

    Os dados são referentes aos matriculados na Faculdade de Medicina, na FEA (economia, administração e contabilidade) e na Politécnica (engenharias) em 2016, e foram extraídos dos resultados do questionário socioeconômico da Fuvest 2016, divulgado nesta quarta-feira (29).

    Para 2017, já está aprovada a adesão da FEA ao Sisu [Sistema de Seleção Unificada do Ministério da Educação, que oferece vagas em instituições de ensino público superior para participantes do Enem], exclusivamente para alunos oriundos de escolas públicas. Serão destinadas 30% das vagas a esses candidatos.

    A Politécnica vai destinar 10% das suas 870 vagas no sistema, mas somente para ampla concorrência, ou seja, não haverá vagas exclusivas para alunos de escolas públicas e pretos, pardos e indígenas (PPI). A Medicina ainda não informou qualquer adoção do Sisu em seu processo seletivo.

    Ensino médio, em % - Só 21% dos calouros das principais unidades da USP vêm da rede pública

    RAÇA

    A pouca representatividade da sociedade brasileira na principal universidade do país também pode ser aferida pelos critérios de cor e raça. São 76% de alunos brancos na USP contra 17% PPI. No Estado, a proporção de pretos, pardos e indígenas é de 35%, segundo o IBGE.

    Porcentagem de pretos, pardos e indígenas - USP tem sofrido pressão para adotar o sistema de cotas

    CLASSE

    Se feito um recorte por critérios sociais, as três faculdades mais tradicionais da USP que não utilizaram o Sisu para o vestibular da Fuvest têm, somadas, 54% de alunos matriculados com renda familiar mensal acima de dez salários mínimos. Só na Medicina, esse número corresponde a 63% dos novos estudantes. No Estado, 11% das famílias possuem tal renda, enquanto no país, 8%, de acordo com dados da Pnad 2014.

    Na parte de baixo da pirâmide social, com renda familiar de até três salários mínimos (que até o final de 2015 era de R$ 788), estão apenas 8% dos calouros de FEA, Medicina e Politécnica. Esse valor, de R$ 2.364 de renda mensal por domicílio, corresponde a 55% das famílias brasileiras e 40% das do Estado de São Paulo.

    RENDA FAMILIAR acima de 10 SALÁRIOS MÍNIMOS - Calouros da USP em 2016 vêm de estrato social mais alto

    RENDA FAMILIAR ATÉ 3 SALÁRIOS MÍNIMOS, em % - 19% dos calouros da USP em 2016 possuem renda familiar nesta faixa

    MEDIDAS PARA INCLUSÃO

    A reitoria da USP colocou como meta alcançar 50% de alunos de escola pública entre ingressantes até 2018. Neste ano, foram 34,6% os matriculados que vieram do ensino público (somando ingressos pelo Sisu e pela Fuvest). O uso do Enem como forma alternativa de ingresso na USP é uma das apostas da reitoria para aumentar o nível de inclusão na instituição.

    O pró-reitor de Graduação da universidade, Antônio Carlos Hernandes, já declarou que, caso o índice de inclusão não avance com as estratégias atuais, a universidade deve avançar para medidas mais profundas, como a adoção de cotas.

    A USP tem sofrido pressão para adotar o sistema de cotas sociais e raciais, como fazem todas as universidades federais do país desde 2012. Entre as estaduais paulistas, só a Unesp adota cotas. A Unicamp apostou em bonificação na prova do vestibular.

    Além do Sisu, a USP mantém um sistema de bonificação para alunos de escolas públicas e PPI no vestibular da Fuvest.

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