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    Base Nacional Comum Curricular

    MEC divide Base Nacional e adia currículo do ensino médio

    PAULO SALDAÑA
    DE SÃO PAULO

    28/07/2016 15h51 - Atualizado às 20h04

    Bruno Santos/Folhapress
    São Paulo, SP, BRASIL-05-05-2016: Estudantes pré vestibular do cursinho Anglo em sala de aula. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** ESPECIAIS *** EXCLUSIVO FOLHA***
    Estudante realiza exercícios de geometria; Ministério da Educação decidiu adiar a base do ensino médio

    O governo federal vai fatiar a Base Nacional Comum Curricular e adiar a entrega da parte que define o que será estudado no ensino médio. O currículo dessa etapa só será finalizado depois da aprovação de uma lei que reforma a estrutura dessa fase.

    A Câmara já discute um projeto que muda o ensino médio, flexibilizando o atual modelo. A proposta permite que alunos e escolas possam diversificar o aprofundamento em áreas específicas, como técnico e profissionalizante.

    Mas o MEC (Ministério da Educação) vai encaminhar nos próximos dias uma nova proposta para o Congresso sobre o tema. Ainda não há mais detalhes sobre esse texto, mas o ponto central será focada nessa flexibilização.

    Base Nacional Curricular

    Segundo a secretária-executiva do MEC, Maria Helena Guimarães, o ensino médio não ficará sem uma base. "A definição da base antes da reforma da estrutura, como estava ocorrendo, poderia inviabilizar a flexibilização."

    A base nacional vai definir o que os alunos da educação básica devem aprender a cada etapa escolar. O Brasil nunca teve uma base e as diretrizes existentes hoje são consideradas genéricas.

    A lei do Plano Nacional de Educação estipula que o documento final deveria ter sido entregue em julho para análise final do Conselho Nacional de Educação.

    Agora, o documento que será finalizado neste ano só trará os objetivos de aprendizagem do ensino infantil e fundamental (até o 9º ano). O bloco do ensino médio só estaria pronto no ano que vem, após a aprovação da lei.

    A pasta da Educação estuda a possibilidade de a versão deste ano trazer os conteúdos só do 1º ano do médio. Assim, o base do ensino médio (do ano que vem) contemplaria os dois últimos anos.

    GARGALO

    O debate sobre o novo formato do ensino médio é considerado prioritário por especialistas. O entendimento é de que a estrutura engessada de disciplinas não conversa com as demandas dos jovens.
    Estão fora da escola 1,7 milhão de jovens de 15 a 17 anos, faixa etária ideal da etapa.

    Diferentemente deste governo interino, a equipe de Dilma entendia que era possível definir na base os objetivos de aprendizagem da etapa, independentemente da discussão no Congresso.

    A segunda versão da base, divulgada em março, já trouxe novidades sobre a etapa. Os conteúdos passaram a ser divididos por unidades curriculares -e não por série. A crítica, no entanto, era de que o bloco estava muito grande.

    Para Ana Inoue, ligada ao Movimento pela Base, a decisão do MEC é positiva. "Fica mais fácil definir o modelo e casar com os objetivos que estarão na base."

    Desde o mês passado, a segunda versão tem sido discutida em seminários estaduais. Nos encontros, educadores têm se posicionado sobre a pertinência e clareza de cada objetivo de aprendizagem. Inclusive os do ensino médio.

    A presidente do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, acredita que ainda será possível aproveitar essas críticas, mesmo com as futuras alterações. "Faz sentido definir a arquitetura e depois o recheio", diz. "O risco é haver uma demora na aprovação da lei e essa urgência com a base se perder."

    Eduardo Deschamps, presidente do Consed (que representa os secretários estaduais de educação) também faz essa ressalva. "Não vejo problema nisso, desde que o MEC trabalhe com o Congresso para acelerar a definição", diz.

    A Folha apurou que o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), tem articulado um acordo com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do mesmo partido do ministro, para acelerar a aprovação. O MEC criou um comitê gestor para revisão da Base Nacional e também para as discussões do ensino médio. Depois de aprovação na Câmara, o projeto precisa passar pelo Senado e volta para a Câmara –caso sofra mudanças. Após isso, segue para o sanção presidencial.

    O comitê gestor que vai cuidar da revisão final da base não será formado pelos mesmos autores dos dois textos iniciais. De acordo com Guimarães, a ideia é proporcionar outro olhar nesse momento.

    Alunos na educação básica - Por etapa, em milhões*

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    Calendário

    26.jun.2014 - Plano Nacional de Educação é sancionado; lei prevê que o governo crie proposta de base curricular em até dois anos

    16.set.2015 - MEC apresenta a 1ª versão do documento e abre consulta pública; as áreas de história e gramática geraram polêmica

    15.dez.2015 - Ministério inicia análise das contribuições recebidas na consulta pública

    3.mai.2016 - MEC divulga 2ª versão da base e a envia ao Conselho Nacional de Educação e a representantes de Estados e municípios

    jun. a ago.2016 - Texto está sendo debatido nos Estados e deve ser devolvido ao MEC até agosto

    ago a nov.2016 - Um comitê gestor vai revisar a base (ensinos infantil e fundamental) e debater o ensino médio

    nov.2016 - O objetivo é ter a versão final até essa data (para infantil e fundamental), mas não há previsão de quando ela começa a valer

    1ºsem.2017 - MEC deve definir a base curricular do ensino médio, após aprovação de projeto de lei no Congresso que prevê um novo formato para a etapa

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