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    Fovest

    Temida, química exige relações com o cotidiano; saiba como estudar

    DHIEGO MAIA
    DE SÃO PAULO

    22/08/2016 02h00

    Cheia de abstração, a química conquista o topo do ranking quando se trata das matérias mais temidas pelos alunos no vestibular.

    Ueslei Viana Batista, 22, candidato a uma vaga em economia, diz que vê o professor perder o fôlego em sala para ensinar a disciplina. "Mas não rola. Não consigo visualizar a teoria."

    A química está no guarda-chuva das ciências da natureza, que ainda abriga física e biologia. A grande quantidade de fórmulas, gráficos e estruturas muito específicas acaba assustando os alunos.

    A dificuldade, afirma Israel Almeida, professor do Etapa, está em aproximar essas reações do cotidiano. "Esqueça a química de laboratório. O vestibular está cobrando mais os processos que acontecem no fogão, na cozinha."

    "Ela estuda reação. É sobre como transformar açúcar em álcool", diz o professor Antônio Mario Salles, do Objetivo.

    Bruno Santos/ Folhapress
    O estudante Ueslei Viana Batista, do cursinho Objetivo
    O estudante Ueslei Viana Batista, do cursinho Objetivo

    Para percebê-la no dia a dia, basta prestar atenção ao que acontece em volta, afirmam os professores. Um exemplo recente: nos Jogos do Rio, uma piscina que recebeu as provas de saltos ornamentais ficou verde.

    A explicação: o uso de peróxido de hidrogênio anulou o cloro e permitiu a proliferação de matéria orgânica na água, segundo a organização.

    "É um caso real que envolveu a química. O aluno precisa saber que elementos são esses e como isso ocorreu", afirma Almeida, do Etapa.

    Ainda assim, relacionar a química a outras matérias e assuntos é uma grande dificuldade, diz Roberta Cazedini, 18, que estuda no cursinho Oficina do Estudante, em Campinas. "É a matéria mais complexa do ensino médio, abrange muita coisa."

    MAIS AMOR, POR FAVOR

    O engenheiro mecânico aeronáutico Thiago Costa, que leciona química no Poliedro, diz que sua missão em sala é a de minimizar "o ódio em relação à disciplina". "É uma área que exige do aluno raciocínio matemático, uma alta capacidade de memorização e de estabelecer correlação com outras áreas. E, além do mais, não há macete. Sem treino, não é possível entender química", diz Costa.

    É treinando e fazendo resumos após cada aula que Jade de Moura, 19, candidata a uma vaga em medicina, está se preparando para a primeira fase da Fuvest, que acontece no dia 27 de novembro. "Um dos meus exercícios preferidos é tentar definir os conceitos da matéria com as minhas próprias palavras. Isso tem me ajudado."

    PÓDIO

    Desde o 9º ano do ensino fundamental, o estudante Vitor Pires, 17, do Etapa, é fã da química. Em julho, ele e mais três colegas representaram o Brasil na Olimpíada Internacional de Química, realizada na Geórgia.

    Zanone Fraissat/Folhapress
    Vitor Pires, 17, medalhista de prata na Olimpíada Internacional de Química
    Vitor Pires, 17, medalhista de prata na Olimpíada Internacional de Química

    Todos subiram ao pódio. Pires e mais um colega de sala conquistaram a prata. Os demais representantes do país, de Fortaleza (CE), ganharam o bronze.

    Para o medalhista, que vai tentar uma vaga no curso de direito, a química ajuda a "desenvolver o raciocínio lógico, que pode ser usado em qualquer outra coisa".

    O professor Guilherme Marson, do Instituto de Química da USP, atribui a dificuldade dos estudantes com a matéria a uma mistura entre falta de estrutura nas escolas e má formação dos professores.

    De acordo com o Ministério da Educação, 40% dos professores que dão aulas de química no país não têm formação específica na área.

    Para piorar a situação, apenas 8,6% das escolas públicas de ensino fundamental e 43,9% de ensino médio têm laboratório de ciências, segundo estudo do Movimento Todos pela Educação. "Assim fica difícil alfabetizar os alunos brasileiros na linguagem própria da química", afirma Marson.

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    TUBO DE ENSAIO
    Veja o que você precisa estudar para a Fuvest

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    EQUILÍBRIO QUÍMICO
    Dominar a equação da constante de equilíbrio. Saber aplicar o princípio de Le Chatelier em equilíbrios iônicos e não iônicos

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    BIOQUÍMICA
    Identificar as funções químicas nas biomoléculas. Os lipídeos apresentam grande incidência, sendo as reações de transesterificação e de saponificação importantes

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    QUÍMICA ORGÂNICA
    Propriedades físicas de compostos orgânicos são recorrentes. Reconhecer funções, nomenclatura de compostos, reações orgânicas e isomeria

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    ELETROQUÍMICA
    Conhecer a montagem da pilha de Daniell, a de um experimento de eletrólise e a galvanização

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    GEOMETRIA MOLECULAR
    Focar em solubilidade, propriedades físicas de compostos e as interações intermoleculares

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    ATOMÍSTICA
    Estudar os números atômico e de massa, íons, distribuição eletrônica, as massas atômica, molecular e molar e constante de Avogadro

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    QUÍMICA NUCLEAR
    Neste ano, o acidente de Chernobyl completa 30 anos. Estudar radioatividade, fissão e fusão nucleares

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    TERMOQUÍMICA
    Estudar os três métodos para cálculo de variação de entalpia de uma reação: lei de Hess, entalpia de formação e energia de ligação

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    CINÉTICA QUÍMICA
    O vestibulando deve entender a teoria das colisões e o conceito de energia de ativação

    CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO
    Memorizar as leis ponderais e volumétricas e treinar questões sobre os conceitos de reagente limitante, reagente em excesso, rendimento e pureza

    Fontes: Israel de Souza Almeida (Etapa) e Thiago Cardoso da Costa (Poliedro)

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