O aluno Pedro Rocha, 11, que estuda na rede municipal de São Paulo, saiu da escola animado em uma terça-feira do mês passado. "Fomos à Bienal do Livro, comprei três para mim", contou ele, que neste ano também já excursionou com o colégio na Serra da Cantareira.

Passeios como esses podem ser menos frequentes a partir de agora. Em meio à grave crise econômica, os cortes no orçamento da cidade promovidos pela gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), que é candidato à reeleição, atingiram até os ônibus destinados a parte das escolas municipais.

	Apu Gomes - 22.abr.2013/Folhapress
	Haddad visita escola em São Mateus, na zona leste de São Paulo

Inclusive a de Pedro, a Nilo Peçanha, na Freguesia do Ó, bairro da zona norte da capital paulista.

No início do mês passado, a DRE (Diretoria Regional de Educação) responsável pelos colégios da Brasilândia e da Freguesia do Ó enviou um e-mail a diretores e coordenadores pedagógicos para avisar que não poderia mais atender novos pedidos de ônibus para transporte de estudantes da área para este ano.

A Folha obteve cópia dessa mensagem. "Tivemos diretamente do sr. prefeito a informação sobre a brusca queda na arrecadação da cidade e, em virtude disso, o replanejamento das ações e dos programas", diz o e-mail.

"Neste momento de crise, cada DRE teve que reorganizar suas prioridades na execução orçamentária, e a disponibilização de ônibus para as escolas foi drasticamente afetada", diz outro trecho.

Segundo o comunicado, a cota, "contando com muita sorte", será suficiente apenas para viabilizar atividades previamente agendadas, como festival de bandas e fanfarras e competição de xadrez.

FUNÇÃO PEDAGÓGICA

Para Andrea Ramal, especialista em educação que já atuou na capacitação de professores, os passeios escolares têm uma função pedagógica importante.

Além de acrescentarem informações para a cultura geral do aluno, são oportunidades para exercitar competências sociais, como o comportamento formal fora da escola e, principalmente, dão subsídios para o professor conhecer melhor o aluno.

"Questões como liderança, interação social e isolamento às vezes passam despercebidas em aulas tradicionais", afirma a especialista.

OUTRO LADO

A administração do prefeito Fernando Haddad (PT) negou restrições aos ônibus de passeio das escolas municipais e afirma que houve um equívoco no e-mail enviado pela Diretoria Regional de Educação de Brasilândia e Freguesia do Ó.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação, os pedidos de transporte para passeios são enviados pelas escolas às diretorias no início do ano letivo, acompanhados de justificativa pedagógica.

No caso da regional da Brasilândia e Freguesia do Ó, segundo o órgão, as escolas já tinham entregado a programação anual, com todas as atividades aprovadas.

O e-mail, afirma a secretaria, "foi mandado equivocadamente para servidores" de um setor da diretoria em que tramitam os pedidos de transporte de estudantes.

Nos primeiros seis meses deste ano, a receita corrente do município caiu em valores reais 6%, na comparação com o primeiro semestre do ano passado.