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    opinião

    Há mais publicidade do que bom uso da tecnologia nas escolas

    ROSELY SAYÃO
    COLUNISTA DA FOLHA

    11/09/2016 02h00

    Como ficou complicado escolher a escola para matricular o filho! Os pais acreditam ser preciso considerar tantas questões que alguns até chegam a montar planilhas para, com a maior objetividade possível, visualizar o melhor resultado final.

    Após muita investigação sobre o que deve ser observado, inúmeras visitas, reuniões e estudos sobre diferentes métodos pedagógicos, lá vão os pais nessa missão quase impossível.

    Esse processo já foi mais fácil. E ainda é, para famílias já conscientes de que são poucas as escolas capazes de apresentar diferencial verdadeiramente interessante e inovador na educação escolar, e que são muitas as que sabem explorar os recursos da publicidade.

    Aliás, sabia que em muitas escolas, caro leitor, o salário de quem trabalha no departamento de marketing costuma ser maior do que o dos educadores profissionais?

    E, se tem algo que é sempre anunciado com grande alarde, é a presença da tecnologia na escola. Sim, os pais entendem que esse item é fundamental para os alunos da atualidade, nativos de um mundo tecnológico e digital. Será que é mesmo? Bem, depende da maneira como a tecnologia é usada na escola.

    Se ela oferece um tablet para cada aluno e o conteúdo nele programado é o da velha e superada apostila, qual a novidade? Se os professores usam lousa digital com a velha aula expositiva, qual a vantagem? Se o aluno usa a sala de computadores para fazer a mesma coisa que faria com lápis e papel, qual o aprendizado? E por aí vai.

    O fato é que, em relação à presença da tecnologia na escola, há mais equívocos do que inovação, há mais publicidade do que um bom uso das novas ferramentas.

    São poucas as instituições que, de fato, utilizam a tecnologia para oferecer um melhor aprendizado a todos os alunos, que sabem o que ela pode fazer e trazer para aprimorar a sala de aula, para personalizar o relacionamento professor-aluno.

    Nessas, alunos desmontam aparelhos tecnológicos e, depois de compreender o funcionamento deles, procuram criar outros com diferentes funções, por exemplo.

    Podem, também, construir circuitos elétricos, aprender programação para criar jogos sofisticados, usar o computador para planejar projetos e acompanhar seu desenvolvimento e a colaboração de cada integrante do grupo, usam a lógica da tecnologia sem uso de aparelhos etc.

    É importante a presença da tecnologia na escola, afinal? Pode ser, desde que seja realmente empregada a favor do aprendizado e para dar oportunidades de o aluno se motivar a aprender. E não como maquiagem para fazer a escola parecer inovadora.

    ROSELY SAYÃO é psicóloga e consultora em educação

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