Raquel Cunha/Folhapress | ||
Renata Lima e Bruno Moraes, 14, do 9° ano da classe invertida no Elvira Brandão, na zona sul de SP |
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Educação
Wednesday, 15-Jan-2025 06:23:42 -03Na sala de aula invertida, alunos antecipam conteúdo em casa
DHIEGO MAIA
DE SÃO PAULO11/09/2016 02h00
Um sofá vermelho, de cara, já quebra o protocolo. Mesas de seis lugares estão dispersas no espaço em que um dia foi tomado por carteiras enfileiradas. No teto, um projetor digital. Ainda há um computador e mais uma lousa branca. Essa é a sala do 9ºA (ensino fundamental) do Colégio Elvira Brandão, na zona sul de São Paulo.
É nesse ambiente nada convencional que 22 alunos têm experimentado um jeito de aprender pouco difundido no Brasil. Eles estão numa sala de aula invertida.
O método, criado em 2007 nos Estados Unidos e muito usado na Finlândia, muda a forma tradicional de ensinar.
Por meio de uma plataforma digital, o conteúdo é antecipado aos alunos. Em sala, a turma tira as dúvidas da disciplina e a lição, antes feita em casa, é executada sob a supervisão do professor.
A disposição do mobiliário estimula os alunos a trabalhar em grupo e permite que o docente circule pela sala fazendo um atendimento mais personalizado.
"A gente percebeu que eles tinham dificuldade em resolver os exercícios em casa. Nesse método, a gente inverte o processo e coloca o aluno em uma posição mais ativa", diz Pedro Robert, professor de matemática do colégio.
Raquel Cunha/Folhapress Alunos do 9° ano do colégio Elvira Brandão ALUNO NA LOUSA
Nas aulas de matemática do 9ºA, os alunos assumem o comando e transmitem o conteúdo com o uso de recursos audiovisuais. Cada grupo se autoavalia, recebe notas da sala e do professor.
"Meus colegas explicam na linguagem que a gente entende. Pego mais rápido a matéria", diz Eduardo Pereira, 14.
Já Mateus Juliotti, 14, afirma que foi submetido a uma autonomia forçada. "Não houve uma transição para a gente se acostumar. É muito desorganizado, nunca sei o que preciso estudar."
O professor Robert, do Elvira, diz que tem atacado as dificuldades da turma. "Para quebrar a insegurança em relação ao conteúdo, sempre faço um resumo da matéria."
Marcos Pereira, professor de empreendedorismo da Escola Internacional de Alphaville, em Barueri (Grande SP), trabalha com a metodologia na sua turma de 9º ano. Segundo ele, a maior dificuldade é engajar o aluno. "O recurso tecnológico por si só atrai, mas fazer a sala estudar antes não é nada fácil."
O professor de história Eric Rodrigues obteve bons resultados com a sala invertida. Entre 2013 e 2015, reduziu em 50% o índice de reprovação em sua disciplina numa turma da Escola Municipal Emílio Carlos, no Rio de Janeiro.
Segundo Bruna Nunes, pesquisadora do CDI (Centro para Democratização da Informática), o método é tendência por aqui. Mas, para deslanchar, os professores terão que se capacitar. "Trabalhar com sala invertida exige domínio de videoaula e de outros meios digitais. Os professores ainda não têm essa formação na licenciatura."
Para Renato Judice, diretor pedagógico do Elvira, é natural que haja resistências à nova forma de ensinar.
"O ensino híbrido é um caminho sem volta para a escola de hoje. Vamos continuar melhorando nossa estrutura para seguirmos nessa metodologia."
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