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    Se a escola não atende à expectativa, saída é trocar tablets pelo giz

    JULLIANE SILVEIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    11/09/2016 02h00 - Atualizado às 18h57

    Karime Xavier/Folhapress
    Henrique (esq.), 11, e Leon, 12, com a mãe Rosângela Neumann, em São Paulo
    Henrique (esq.), 11, e Leon, 12, com a mãe Rosângela Neumann, em São Paulo

    Para algumas famílias, mudar de escola é a melhor opção para ajustar as expectativas à proposta da instituição, sobretudo quando se trata do uso de tecnologias em aula.

    Na visão dos pais, a vida escolar de Georgia Butra, 14, estava muito confortável no Marista Arquidiocesano, onde estudou do 1º ao 9º ano. "Minha filha precisava de situações mais desafiadoras, e vimos no novo colégio um uso muito rico da tecnologia", diz a pediatra Carla Butra, 47, que matriculou a filha no Bandeirantes neste ano.

    O Arquidiocesano usa livros digitais a partir do 7º ano, em um modelo que incentiva os alunos a trazerem seus próprios dispositivos de casa. Também conta com laboratórios de robótica e impressora 3D.

    No Bandeirantes, o uso de tablet é permitido em todas as séries e obrigatório a partir do ensino fundamental 2.

    O aparato tecnológico deixou a aluna mais estimulada, mas é apenas um instrumento facilitador, na opinião de Mauro Aguiar, presidente do Bandeirantes. Para ele, o mais importante é entender a mudança do papel do professor, que se torna um gestor de dados e estimula o protagonismo do aluno.

    DOMÍNIO

    Ao escolher a instituição, a família precisa observar se os professores dominam os recursos e como os equipamentos são aplicados. "Não preciso da tecnologia para fazer o que já faço sem ela", resume Maria Elizabeth Almeida, especialista em tecnologias na educação na PUC-SP.

    O uso de tablets, celulares e aplicativos deve favorecer a construção do conhecimento, estimular a busca de informações em boas fontes e o desenvolvimento de curiosidade e imaginação.

    Nem sempre é assim, como viu Cecília Consorte, 13. No 6º ano, reclamava do uso de tablet e lousa digital. "As aulas continuavam as mesmas, a tecnologia não acrescentava nada", conta a mãe, a pianista Carla Arnoni, 52.

    Cecília foi para o Equipe no 7º ano. Seus pais ficaram surpresos com o quadro-negro e o giz nas salas, mas se identificaram com a proposta. Pesaram as turmas pequenas, o estímulo ao senso crítico e as aulas de música, fotografia e teatro. "O fato de não usar tecnologia não quer dizer que a escola não seja moderna, pelo contrário: acho o Equipe bem voltado aos tempos atuais", diz Carla.

    De fato, a cultura digital sempre influencia o aprendizado, ainda que a escola não use equipamentos em aula. "Muito mais pelas mudanças que já provocou no pensamento e nas relações do que por aparelhos na escola", afirma Almeida, da PUC-SP.

    A fisioterapeuta Rosângela Neumann, 42, concorda. "O mundo hoje é totalmente tecnológico e ajuda a desenvolver criatividade e interação no ambiente escolar". Seus filhos Henrique, 11, e Leon, 12, se mudaram para o Elvira Brandão neste ano, deixando o Porto Seguro e a Escola Viva, respectivamente. "Achei o Porto muito rígido e a Viva muito livre. Precisávamos de equilíbrio", diz.

    Fundado em 1904, o Elvira Brandão mudou recentemente a proposta pedagógica e já utiliza tablet e smartphones em aulas. No ensino médio, as carteiras enfileiradas foram substituídas por mesas coletivas e sofás.

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