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    Leia perguntas e respostas sobre as mudanças no ensino médio do país

    DE SÃO PAULO

    22/09/2016 15h17 - Atualizado às 17h48
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    Apu Gomes/Folhapress
    SO PAULO, SP, BRASIL, 19-08-2011, 07h00: GOVERNO LOTA SALAS DE AULAS. Alunos do 1 ano do ensino medio em aula de Matematica na Escola Estadual Professor Wolny Carvalho Ramos, na Vila Regente Feijo, zona leste de Sao Paulo, escola considerada modelo pelo governo do Estado, com uma media de 35 alunos por sala de aula. Escolas Estaduais de Sao Paulo possuem mais alunos em sala de aula que o recomendado MEC. (Foto: Apu Gomes/Folhapress, Cotidiano ) *** EXCLUSIVO***
    Alunos do 1º ano do ensino médio de escola estadual na Vila Regente Feijó, zona leste de São Paulo

    O governo federal anunciou nesta quinta (22) o projeto de reformulação do ensino médio. O novo modelo irá prever a flexibilização do percurso do estudante. Hoje, os alunos devem cursar 13 disciplinas nos três anos.

    A atual estrutura é considerada engessada e distante do interesse dos jovens. O país registra 1,7 milhão de adolescentes entre 15 e 17 anos fora da escola –16% da população nessa faixa etária, que seria a ideal para o ensino médio.

    Abaixo, entenda o que é o plano de mudanças no ensino médio e porque ele está sendo tão discutido.

    *

    O PROJETO

    1. O que é a medida provisória (MP) de reformulação do ensino médio?
    É um conjunto de medidas que alteram o modelo de educação aplicado nesta etapa do ensino básico atualmente. O objetivo é tornar essa fase mais atrativa para o aluno e diminuir os altos índices de evasão.

    2. Quem é obrigado a cumprir essas diretrizes?
    Todas as escolas das redes pública e privada que atendem o ensino médio. Os mais afetados serão os governos estaduais, que são responsáveis pela grande maioria dos alunos da etapa (84% das cerca de 8 milhões de matrículas).

    Reforma do ensino médio

    3. Quais são as principais mudanças do novo modelo?
    A intenção é ter um ensino médio mais aberto e menos engessado. Um dos principais pontos é a ampliação da grade obrigatória, de 800 horas anuais para 1.400, tornando o ensino integral –hoje ele é restrito a apenas 6% dos alunos do país, mas a meta é alcançar 25% dos matriculados em 2024.

    Outra questão importante é a flexibilização no currículo. Parte da grade de disciplinas será comum a todos, mas depois o aluno poderá optar por áreas de seu interesse: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e/ou ensino técnico.

    O ensino médio poderá ainda ser estruturado por módulos, o que permitiria que o aluno cursasse algumas disciplinas por sistema de créditos. Além disso, cerca de 50% do currículo seguirá a base nacional comum, quando ela for aprovada, e o restante deve ser definido pelas redes de ensino.

    REFORMAS NO ENSINO MÉDIO - Principais mudanças propostas pela medida provisória do governo Temer

    4. Qual será o trâmite até que ela comece a valer?
    Após ser publicada no "Diário Oficial" da União nesta sexta (23), a MP será levada ao Congresso, que tem até 120 dias para alterá-la (se quiser) e votá-la. Caso isso não seja feito, o texto perde a validade. Se for aprovado, parte das mudanças deve ser aplicada a partir de 2017, enquanto outras terão implementação gradual.

    5. Quais leis anteriores a medida provisória afeta?
    Ela altera trechos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9.394/1996) e regras do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), que é regulamentado pela lei 11.494/2007.

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    DISCUSSÕES

    1. A adoção de período integral é sinônimo de melhoria na educação?
    Há evidências de que a carga expandida de aulas, quando aliada a um bom projeto pedagógico, melhora os resultados dos alunos. Pernambuco, por exemplo, tem metade da rede estadual em tempo integral e foi um dos dois Estados (além do Amazonas) a bater a meta do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2015. Na média do país, o índice está estagnado desde 2011 –o índice é calculado a cada dois anos. Oferecer a modalidade, por outro lado, tem maiores custos.

    2. As mudanças não devem trazer mais gastos para os Estados?
    O ministro da Educação, Mendonça Filho, nega. Segundo ele, a maior parte dos recursos destinados às alterações, em especial à ampliação da oferta de ensino integral, deverá ser repassada pelo MEC. Algumas medidas, porém, não estão inclusas nesse aporte federal, como a oferta de disciplinas optativas pelas escolas.

    3. Pode haver aumento na mensalidade nas escolas particulares?
    O ministro também nega. Ele diz que "não vê porquê" e que "não há nenhuma lógica".

    4. A medida provisória interfere na prova do Enem marcada para novembro?
    Não, já que as mudanças devem passar a valer a partir de 2017.

    5. O aluno poderá escolher as disciplinas que quiser?
    Sim, mas não todas. O texto prevê que parte da grade –equivalente a cerca de um dos três anos da etapa– será comum a todos. Depois, haverá a opção de aprofundamento em cinco áreas: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino técnico. A oferta das habilitações, porém, vai depender das redes e escolas.

    A medida provisória também diz que matemática e português serão obrigatórias nos três anos do ensino médio. Hoje, há 13 disciplinas compulsórias na etapa. O texto prevê ainda a certificação de conhecimentos. Alunos que sabem inglês, por exemplo, poderão eliminar a disciplina.

    6. E se a escola do aluno não oferecer a área em que ele quer se aprofundar?
    Neste caso, a rede deve criar mecanismos que permitam a mobilidade do estudante. A discussão da oferta dessas áreas para aprofundamento deve ser feita por cada Estado.

    7. O que muda para quem faz ensino técnico?
    Segundo Rosseli Silva, secretário de educação básica, com as mudanças, será possível ter formação técnica dentro de 1.400 horas. Hoje, o período para concluir o ensino é maior.

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    DEBATE ANTIGO

    1. Por que o foco no ensino médio?
    Essa etapa é considerada o maior gargalo da educação brasileira. A estrutura atual é vista como engessada e distante do interesse dos jovens. O país registra 1,7 milhão de adolescentes entre 15 e 17 anos fora da escola –16% da população nessa faixa etária. A etapa também tem a maior taxa de abandono da educação básica.

    Raio-x do ensino médio

    2. É a primeira vez que esse assunto é discutido?
    Não. O currículo do ensino médio é debatido desde 2014, quando o Plano Nacional de Educação foi sancionado. A lei previa que o governo criasse uma base curricular válida para todas as etapas do ensino básico, que ainda está em discussão.

    O assunto também é tema de um projeto de lei que está em análise desde 2013 no Congresso Nacional. O governo decidiu editar a medida provisória justamente para acelerar a tramitação da mudança, diante de uma agenda legislativa apertada.

    3. Por que está se falando tanto sobre essa medida provisória?
    O texto da MP assinada por Temer provoca a maior alteração já feita na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), de 1996.

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