• Educação

    Monday, 06-May-2024 08:25:49 -03

    Sem alarde, gestão Temer recua e dá sobrevida a artes e educação física

    PAULO SALDAÑA
    DE SÃO PAULO

    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    23/09/2016 19h49 - Atualizado às 21h00

    Apu Gomes/Folhapress
    SO PAULO, SP, BRASIL, 19-08-2011, 07h00: GOVERNO LOTA SALAS DE AULAS. Alunos do 1 ano do ensino medio em aula de Matematica na Escola Estadual Professor Wolny Carvalho Ramos, na Vila Regente Feijo, zona leste de Sao Paulo, escola considerada modelo pelo governo do Estado, com uma media de 35 alunos por sala de aula. Escolas Estaduais de Sao Paulo possuem mais alunos em sala de aula que o recomendado MEC. (Foto: Apu Gomes/Folhapress, Cotidiano ) *** EXCLUSIVO***
    Alunos do 1º ano do ensino médio de escola estadual na Vila Regente Feijó, zona leste de São Paulo

    Após pressão de professores e entidades, o governo Michel Temer (PMDB) recuou, ao menos por ora, da decisão de acabar com a obrigatoriedade de aulas de artes e educação física no ensino médio.

    Na quinta-feira (22), ao anunciar o plano de reformulação dessa etapa de ensino, o Ministério da Educação distribuiu texto do que seria a medida provisória encaminhada ao Congresso.

    Segundo esse documento, as duas disciplinas somente seriam obrigatórias a partir de agora nos ensinos infantil e fundamental, definição seguida de uma série de críticas.

    Reforma do ensino médio

    Nesta sexta-feira (23), porém, ao publicar a versão oficial da MP no "Diário Oficial" da União, o governo manteve o fim da obrigatoriedade de artes, educação física, sociologia e fisiologia, mas apontou que essa regra somente passará a valer a partir do segundo ano letivo posterior à aprovação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular).

    A base nacional definirá os conteúdos para as diferentes etapas da educação básica e ainda está em discussão, sem um prazo certo para a sua conclusão. Na prática, a presença ou não dessas disciplinas no ensino médio será decidida pelo conteúdo da base nacional, e não mais pela medida provisória assinada por Temer e que agora será avaliada e até modificada por deputados e senadores.

    O Ministério da Educação diz que nunca houve a intenção de eliminar as disciplinas, e que a versão divulgada na quinta ainda não havia passado por revisões. Em nenhum momento, porém, o ministério comandado por Mendonça Filho (DEM-PE) anunciou esse ajuste de um texto para o outro.

    Em nota à Folha nesta sexta, o ministério se limitou a dizer que a mudança na medida provisória "é uma formalidade para tratar do prazo referente à implantação da Base Nacional Comum Curricular, que irá definir a obrigatoriedade ou não da parte que será comum a todos".

    A secretaria-executiva do MEC, Maria Helena Guimarães Castro, reafirmou que essas disciplinas continuarão como componentes obrigatórios, mas que ainda não há como ter certeza sobre qual carga horária. "Até a elaboração da base, estão mantidas as diretrizes curriculares atuais", diz.

    REFORMAS NO ENSINO MÉDIO - Principais mudanças propostas pela medida provisória do governo Temer

    FLEXIBILIZAÇÃO

    A medida provisória cita só português, matemática e inglês como disciplinas obrigatórias em todo ensino médio, hoje o maior gargalo da educação, com desempenho estagnado e altas taxas de evasão e reprovação, por isso um plano específico para essa etapa de ensino.

    O projeto foca em especialização, com a flexibilização de disciplinas e o incentivo à expansão do ensino em tempo integral.

    Hoje, todos os alunos do ensino médio devem cursar 13 disciplinas em três anos. Com a mudança prevista, parte da grade (ao menos 1 dos 3 anos da etapa) será comum a todos.

    Para o restante, haverá a opção de aprofundamento em cinco áreas: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e formação profissionalizante.

    Ao aluno caberá a escolha da linha na qual deseja se aprofundar. Mas a oferta dessas habilitações dependerá das redes e das escolas. Ao menos duas áreas devem ser oferecidas pelas redes.

    Raio-x do ensino médio

    O plano, em linhas gerais, modifica pontos da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), de 1996. As mudanças terão implementação gradual nas redes de ensino dos Estados, a quem caberá definir a transição ao novo modelo.

    A expectativa do governo, no entanto, é ter turmas já com a nova proposta a partir de 2018, mas muito disso depende da vontade política e do caixa dos governadores.

    O país tem 1,7 milhão de adolescentes de 15 a 17 anos fora da escola —16% da população nessa faixa etária, que seria a ideal ao ensino médio.

    O principal eixo da proposta é o incentivo à especialização e ao ensino integral.

    Segundo o texto, a carga horária mínima de 800 horas anuais para a etapa deve ser ampliada progressivamente para 1.400 horas. Isso representa sete horas de aulas por dia, o que já caracteriza a educação em tempo integral.

    O texto afirma ainda que essa ampliação deve seguir as metas do Plano Nacional de Educação, que prevê, até 2024, a matrícula de ao menos 25% dos alunos de cada etapa de ensino em tempo integral -o país registra hoje 6% das matrículas nessa modalidade no médio.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024