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    Estudantes fazem ato em SP contra reforma de Temer para o ensino médio

    PAULO SALDAÑA
    DE SÃO PAULO

    26/09/2016 19h01 - Atualizado às 21h14

    Estudantes fazem na capital paulista nesta segunda-feira (26) manifestação contra o projeto de reforma do ensino médio apresentado na semana passada pelo governo Michel Temer (PMDB). É o primeiro ato contra o projeto. Os estudantes ocuparam a avenida Paulista no sentido Consolação por volta das 18h30. O trânsito chegou a ser interditado nos dois sentidos, mas já está liberado.

    Os manifestantes começaram a caminhar por volta das 18h50, ocupando a via no sentido Paraíso. O ato foi marcado para as 17h com concentração no vão livre do Masp. Por volta das 18h30, a Polícia Militar exigiu que os manifestantes informassem o trajeto da passeata.

    Estudantes disseram que o grupo vai descer a avenida Brigadeiro Luís Antônio, no sentido da Assembleia Legislativa. Eles pretendem encerrar a passeata na frente da sede do PMDB. A PM não divulgou estimativa oficial do número de participantes. Extraoficialmente, policiais que acompanhavam a manifestação estimam haver cerca de 300 pessoas.

    O ato foi convocado pelas redes sociais por um grupo intitulado como Estudantes Libertários Autônomos. "Não queremos somente participar, mas sim tomar as decisões! Tudo nos é imposto de cima, mas nem tudo que cai do céu e sagrado!", cita a descrição do evento.

    Reforma do ensino médio

    O governo decidiu tocar as mudanças por medida provisória. O que provocou reações negativas, por limitar discussões sobre o projeto. Os organizadores da manifestação ainda afirmam que o governo faz uma "cruzada" contra disciplinas de "questionamento crítico", como artes, sociologia e política. Mudanças que tratam do fim da obrigatoriedade das disciplinas também causaram grande polêmica.

    Para a estudante Sandra Donato, 16, a reforma não parece ter o objetivo de melhorar a formação integral dos alunos, mas "só formar mão de obra para o mercado de trabalho". "Parece que faltou uma análise mais profunda da situação das escolas e da educação", diz ela, que estuda em uma escola estadual de São Paulo.

    Segundo Mariana da Rocha Silva, 16, faltou discussão. "Deveria ter tido uma consulta ampla com alunos e professores", disse ela, também matriculada em uma unidade estadual.

    Às 19h30, a passeata ocupava toda a avenida Brigadeiro Luís Antônio. O grupo desce no sentido Ibirapuera. No caminho, o grito "Fora Temer" foi um dos mais repetidos. Às 20h, os manifestantes fecharam a avenida Pedro Álvares Cabral, em frente ao Obelisco do Ibirapuera.

    Após algumas voltas por ruas da região, a passeata se concentrou às 20h30 em frente à sede do diretoria estadual do PMDB, na rua Manoel da Nóbrega. Carros e motos da PM protegeram o prédio.

    A passeata depois seguiu até o monumento às Bandeiras, no Ibirapuera. Os manifestantes subiram no monumento e começaram a se dispersar por volta das 21h. O ato foi pacífico e não teve episódios de violência.

    Paulo Saldaña/Folhapress
    Estudantes fazem ato na avenida Paulista contra reforma no ensino médio
    Estudantes fazem ato na avenida Paulista contra reforma no ensino médio

    Ao anunciar o plano de reformulação dessa etapa, o Ministério da Educação distribuiu texto do que seria a medida provisória encaminhada ao Congresso. Por esse documento, artes e educação física seriam obrigatórias somente do ensino infantil ao fundamental. A obrigatoriedade de sociologia e filosofia também sumiu.

    Nesta sexta-feira (23), porém, ao publicar a versão oficial da MP no "Diário Oficial" da União, o governo manteve o fim da obrigatoriedade das disciplinas, mas apontou que essa regra somente passará a valer a partir do segundo ano letivo posterior à aprovação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular).

    O Ministério da Educação diz que nunca houve a intenção de eliminar as disciplinas, e que a versão divulgada na quinta-feira ainda não havia passado por revisões. Os conteúdos, segundo a pasta, serão contemplados na BNCC.

    A base nacional definirá os conteúdos para as diferentes etapas da educação básica e ainda está em discussão, sem um prazo certo para a sua conclusão. Na prática, a presença ou não dessas disciplinas no ensino médio será decidida pelo conteúdo da base nacional.

    Português e matemática serão obrigatórias nos três anos do ensino médio. As demais poderão ser ministradas conforme determinação das redes e escolas, contanto que seja garantido o que for definido na Base Nacional Comum Curricular.

    Em nota à Folha nesta sexta (23), o ministério se limitou a dizer que a mudança na medida provisória "é uma formalidade para tratar do prazo referente à implantação da Base Nacional Comum Curricular, que irá definir a obrigatoriedade ou não da parte que será comum a todos". A medida provisória já está valendo. O Congresso tem 120 dias para aprová-la. Caso contrário, o texto perde a validade.

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