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    Estudantes do Paraná decidem continuar com ocupações nas escolas

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    26/10/2016 18h18

    Estelita Hass Carazzai/Folhapress
    Fachada do Colégio Estadual Professor Loureiro Fernandes, em Curitiba
    Fachada do Colégio Estadual Professor Loureiro Fernandes, em Curitiba

    Em assembleia realizada nesta quarta-feira (26), estudantes do Paraná decidiram continuar com as ocupações nas escolas estaduais.

    O movimento, que já dura cerca de três semanas, foi organizado pelos estudantes em protesto contra a reforma do ensino médio pelo governo federal. Parte dos alunos, porém, não concorda com as manifestações e pede o retorno às aulas.

    Cerca de 600 alunos, representantes de escolas ocupadas em todo o Estado, participaram da assembleia. Eles saíram do local por volta das 17h, aos gritos de "ocupar e resistir".

    Embora a maioria dos alunos tenha se posicionado a favor da continuidade das ocupações, cada escola tem autonomia para decidir. Ou seja, quem preferir desocupar a escola tem liberdade para isso.

    Foi aprovada a criação de uma comissão de estudantes que pretende abrir o diálogo e negociar reivindicações com o governo estadual de Beto Richa (PSDB).

    Os alunos pedem a realização de uma conferência estadual pela reorganização do ensino médio, em parceria com o governo e professores, ainda neste ano.

    Além disso, querem que Richa edite um decreto ou uma lei que garanta que a reforma, da forma como está hoje, não será aplicada no Paraná.

    Os manifestantes também pedem a anistia aos alunos e professores que participaram das ocupações, para que não sejam punidos pelas direções dos colégios.

    "Foi uma grande assembleia, democrática e plural", disse Matheus dos Santos, presidente da Upes (União Paranaense dos Estudantes Secundaristas). A imprensa não pôde acompanhar o encontro, que foi fechado.

    Ao final da assembleia, um grupo de estudantes gritava contra "os golpistas da mídia" e propunha não dar entrevistas. Eles gravaram um vídeo, em jogral, em que se manifestavam a favor das ocupações.

    Outra parte dos manifestantes, porém, aceitou falar com os jornalistas, mas sem dar nomes.

    TENSÃO

    Nesta segunda (24), um aluno de 16 anos morreu assassinado numa escola ocupada, o que acirrou as tensões entre grupos pró e contra o movimento.

    Nesta quarta (26), alguns integrantes de movimentos como o MBL (Movimento Brasil Livre) chegaram a ir ao colégio em que ocorria a assembleia para protestar contra as ocupações, mas não houve registro de confronto.

    O governador do Paraná, Beto Richa, tem afirmado que as ocupações "ultrapassaram os limites do bom senso e não encontram amparo na razão". Ele diz que o diálogo está aberto: há algumas semanas, convidou representantes do movimento Ocupa Paraná a levarem suas propostas sobre a reforma e se propôs a não alterar a grade curricular no Estado.

    Já grupos favoráveis às ocupações dizem que o governo tem "insuflado" as manifestações contrárias ao movimento, que "usam inclusive de violência", e feito ameaças contra professores e diretores a favor das ocupações. Para eles, o Estado está colocando em risco a segurança dos adolescentes.

    NÚMEROS

    Segundo o governo, o número de ocupações diminuiu nos últimos dias. Havia 672 escolas ocupadas nesta quarta (26), de acordo com balanço divulgado pela secretaria da Educação. São 159 a menos que na sexta-feira (21), quando eram 831 ocupações.

    O Ocupa Paraná nega arrefecimento e diz que o número se mantém em 850. Para o movimento, há uma tentativa de criminalizar as ocupações, especialmente a partir da morte do estudante Lucas Mota, na segunda. "A resolução deste conflito não está na violência e na truculência, e sim no diálogo", disse o grupo, em nota.

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