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    Após negociação, estudantes deixam ocupação de núcleo da educação no PR

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    01/11/2016 19h48 - Atualizado às 20h43

    Cerca de uma hora depois de decidirem resistir, estudantes que ocupavam o núcleo regional da educação no Paraná resolveram sair pacificamente do local, nesta terça (1º).

    O grupo de 25 pessoas saiu por volta das 20h, de braços dados, aos gritos de "A nossa luta é todo dia, educação não é mercadoria" e "Ocupar e resistir".

    Mais cedo, eles haviam sentado no saguão do prédio, em roda, de onde se recusavam a sair, mesmo após o governo endurecer a negociação e chegar a cortar luz e água do prédio

    Membros do Ministério Público, OAB, Defensoria Pública e uma oficial de justiça, além da própria Polícia Militar, negociaram com os estudantes.

    O governo do Paraná obteve uma ordem de reintegração de posse nesta terça-feira. Pesou na decisão a multa diária de R$ 10 mil, prevista na ordem de reintegração, para cada aluno.

    Policiais militares se posicionaram na entrada do prédio e fizeram um cordão em torno dos estudantes, impedindo a circulação pelo prédio (à exceção do banheiro). Eles não deixam ninguém entrar, e quem sair não poderá voltar.

    "Eles entenderam que, ali, se esgotou. A pauta tem que ser levada para outro lugar, para a rua", disse o advogado Anderson Rodrigues Ferreira, da comissão da Criança e Adolescente da OAB Paraná.

    Não houve confronto com a polícia, que havia decidido tentar vencê-los "pelo cansaço", sem usar a força e bloqueando a entrada no prédio.

    Em jogral, os estudantes afirmaram que "a luta não acabou".

    ESTRATÉGIA

    Os alunos estavam no local desde o dia anterior, numa reação às reintegrações de posse de colégios ocupados em Curitiba. A estratégia do movimento era concentrar os estudantes no núcleo, para fortalecer as reivindicações.

    Eles protestam contra a reforma do ensino médio proposta pelo governo de Michel Temer (PMDB) e a PEC que estabelece um teto para gastos públicos no país.

    Mais cedo, o governo havia endurecido a negociação. A água e a luz do prédio foram cortadas, e a entrada no prédio foi proibida. Os estudantes ficaram sem comida, que antes era levada por outros alunos e apoiadores do movimento.

    Houve bate-boca em frente ao prédio, que foi cercado por policiais militares. Estudantes que ficaram do lado de fora picharam com giz a rua e alguns muros, pedindo "Fora Temer" e "Vandalismo é nos negar o acesso à ocupação".

    Manifestantes anticorrupção que dizem apoiar a maioria dos alunos também foram à frente do prédio, e discutiram com os alunos. A PM isolou os dois grupos.

    Há 265 escolas ocupadas no Paraná, segundo a secretaria da Educação. O movimento Ocupa Paraná diz que são 423.

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