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    Ler notícia ajuda a passar no vestibular, diz pesquisa do Datafolha

    DE SÃO PAULO

    27/11/2016 02h00

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 24-11-2016: Biblioteca Brasiliana da USP para o caderno especial sobre a USP. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, FSP-TREINAMENTO) ***EXCLUSIVO***
    Biblioteca Brasiliana, na USP

    Estudantes que acompanham o noticiário se saem melhor no vestibular. O que já se intuía aparece agora em números de uma pesquisa Datafolha realizada com jovens de 17 a 22 anos da Grande São Paulo.

    Entre os aprovados na Fuvest, o vestibular mais concorrido do país, 85% são leitores de sites jornalísticos. Essa proporção cai para 78% entre os reprovados no exame.

    Feita uma divisão por classe social, a importância do fator noticiário aparece mais claramente. Considerando-se só estudantes da classe C, tem-se que 90% dos aprovados leem notícias na internet, contra 76% dos reprovados do mesmo nível social.

    Comparando-se estratos sociais diferentes, nota-se que o consumo de notícia faz diferença: no grupo dos calouros da classe C, 90% seguem o noticiário, enquanto entre os mais ricos que foram reprovados esse número cai para 78%. "Acesso à informação de qualidade pode ser um vetor de inclusão, um fator de superação da desvantagem econômica", diz Alessandro Janoni, diretor do Datafolha.

    O levantamento indica que é mais proveitoso seguir o noticiário por sites ou pelo jornal na plataforma digital do que pela televisão: o grupo dos que assistem a telejornais é maior entre os reprovados (74%) do que entre os aprovados (65%) na Fuvest.

    O Datafolha ouviu 3.020 jovens, distribuídos em quatro grupos: aprovados na Fuvest, reprovados na Fuvest, os que não prestaram a Fuvest e aprovados em outros vestibulares. A pesquisa, feita em fevereiro, tem margem de erro máxima de quatro pontos percentuais para mais ou para menos, com um intervalo de confiança de 95%.

    Segundo o pesquisador Simon Schwartzman, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, a leitura, de forma geral, pode ajudar. "Muitas vezes, a grande dificuldade está em ler e entender as questões. Quem lê mais tem mais facilidade para isso."

    APROVADO NA USP CONSOME MAIS NOTÍCIA - Em %

    Para a economista Fernanda Estevan, pesquisadora da USP, o Datafolha mostra que existe correlação entre leitura de jornais e desempenho na Fuvest –ou seja, as duas variáveis se movimentam na mesma direção. Ela ressalta, porém, que o resultado não é suficiente para comprovar relação causal, segundo a qual a leitura mais frequente de notícias levaria o vestibulando a se sair melhor.

    "É bastante provável que alguma outra variável não observada na pesquisa esteja correlacionada tanto com a leitura dos jornais quanto com o desempenho na Fuvest. Pode ser, por exemplo, o nível de educação dos pais, o hábito de ler livros, o interesse pelo mundo. Tudo isso pode levar um aluno a ler mais jornal, mas também ter influência no seu desempenho no vestibular", afirma.

    LER O MUNDO

    A educadora Anna Penido, que coordenou uma pesquisa com 132 mil alunos do ensino médio para o Instituto Inspirare, afirma que "só ler a mídia não ajuda a passar no vestibular necessariamente", mas completa: "Estar bem informado ajuda na vida".

    JORNAL MAIS IMPORTANTE DO PAÍS PARA VESTIBULANDOS - Em resposta espontânea e única (Grande SP), em %

    Penido diz sentir falta de um esforço das instituições, como família e escola, para convencer o aluno a "ler criticamente o mundo". "A mídia também poderia saber melhor como interagir com essas novas gerações", diz.

    Para estudantes da USP ouvidos pela reportagem, foi importante acompanhar o noticiário durante os estudos para o vestibular. Muitos acrescentam, contudo, ser difícil manter o hábito agora que estão na faculdade.

    "Lia notícias online, o que me ajudou, porque entendia temas que foram cobrados na parte de atualidades. Depois que comecei o curso, leio mais notícias do mundo acadêmico, de tecnologia, mas acompanho o noticiário político pela Folha", diz Lucas Dias, 21, do terceiro ano de computação da USP.

    Vitoria Gaio, 20, caloura de arquitetura, lia o noticiário online da Folha, de "O Estado de S. Paulo" e da "Carta Capital". "Eu acompanhava para o exame, os professores comentavam no cursinho. Não me orgulho, mas não mantive o hábito depois de passar no vestibular."

    VEÍCULO FAVORITO

    A pesquisa mostra que a Folha é considerado o jornal mais importante do país em todos os grupos ouvidos. Essa avaliação foi feita por 45% dos que entraram na USP, por 43% dos que foram reprovados e por 37% dos que prestaram outros vestibulares.

    A Folha também é o veículo com maior alcance entre os aprovados na Fuvest: seu site é lido por 47% dos ouvidos, seguido pelo "Jornal Nacional" (39%) e pelo G1 (38%).

    COMO O ESTUDANTE SE INFORMA - Entre os aprovados na USP, em %

    A pesquisa Datafolha deixa claro que os jovens são autênticos nativos digitais. Os que se declaram usuários de alguma rede social chegam a 100% em todos os recortes. Os percentuais dos que têm internet no smartphone oscilam entre 89% e 98%.

    Quando questionados sobre sua rede social favorita, a maior parcela indica o aplicativo para trocas de mensagens Whats App.

    Nove em cada dez jovens afirmam ler notícias no Facebook. Dentre eles, uma expressiva maioria declara que, ao se deparar com uma informação relevante na rede social, costuma recorrer ao site noticioso original, responsável pela publicação.

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