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    Alunos e pais têm divergências, mas tendência é conservadora, diz pesquisa

    PAULO SALDAÑA
    DE SÃO PAULO

    15/12/2016 12h26

    Zanone Fraissat-30.nov.2015/Folhapress
    Pais de alunos de escolas ocupadas em Paraisópolis, no ano passado
    Pais de alunos de escolas ocupadas em Paraisópolis, no ano passado

    A maioria dos estudantes e pais de alunos compartilha de posições contrárias a temas como maioridade penal e legalização das drogas, mas se mostram mais tolerantes quando o assunto é homossexualidade e pena de morte. Essa tendência não esconde, entretanto, fortes contrastes entre a opinião de jovens e adultos.

    Pesquisa Datafolha com os dois grupos abordou temas polêmicos presentes na sociedade brasileira. Inspirado por metodologia adotada por institutos de pesquisa estrangeiros, o questionário busca aferir a inclinação das pessoas por valores conservadores e progressistas.

    O Datafolha ouviu alunos do 8º ao 9º ano do ensino fundamental e dos três anos do ensino médio, além de pais com filhos nesses anos. A pesquisa foi realizada na cidade de São Paulo.

    Pesquisa Datafolha

    A partir dos temas abordados, o que teve maior divergência diz respeito à religião. Enquanto 81% dos pais afirmam que "acreditar em Deus torna as pessoas melhores", essa alternativa foi indicada por 55% dos alunos.

    O percentual aferido pelos pais vai de encontro a levantamento feito pelo Datafolha em 2012. Naquela pesquisa, realizada em 160 municípios, 83% das pessoas faziam a associação entre acreditar em Deus e ser uma pessoa melhor.

    A aceitação da homossexualidade por toda sociedade é defendida pela maioria das pessoas, mas o nível de aceitação é maior para os estudantes, com 83% das respostas. Entre os pais, o percentual foi 72%.

    Para o professor Marco Antonio Carvalho Teixeira, da FGV, a pesquisa revela conflitos de natureza geracional, "o que é de se esperar". "A sociedade está vivendo um momento de transição forte", diz. "Mas há contradições em termos. Temas de diversidade são mais sensíveis, mas quando entra o tema da religião, o espaço de mudança não foi consolidado".

    A maior parte das pessoas defende a mesma punição dada a adultos para adolescentes que cometem crimes. Esse apoio aparece com 57% entre os estudantes e 68% entre os pais.

    Datafolha - Perfil

    O uso de drogas deve ser proibido para a maioria dos entrevistados, mas os estudantes são mais divididos. Enquanto a proibição tem apoio de 66% dos alunos, esse posicionamento mobiliza 87% dos pais.

    Pouco mais da metade de jovens e adultos afirma que a maior causa da criminalidade é a maldade, ao invés de falta de oportunidades para todos. Por outro lado, 76% dos estudantes (e 71% dos pais) entendem que a pobreza está ligada à falta de oportunidades iguais -mesmo, que, duas em cada dez pessoas indicam que a pobreza está ligada à preguiça.

    A legalização do porte de arma e adoção de pena de morte para crimes graves são rejeitadas pela maioria dos dois grupos. Mas no caso da pena de morte, o índice de apoio é alto: 38% dos estudantes e pais são favoráveis.

    Datafolha - Segurança e justiça

    Metade dos entrevistas, nos dois grupos, afirmam ter mais medo da polícia do que confiança. O percentual daqueles que dizem ter mais confiança que medo é menor entre pais do que jovens.

    Com base nas respostas, o instituto de pesquisa classificou os dois grupos dentro do espectro político entre esquerda e direita. O resultado dessa segmentação mostra que 42% dos estudantes se identificam com a esquerda e centro-esquerda, 22% com o centro e 37%, com a centro-direita e direita.

    A tendência entre os pais é oposta. A pesquisa mostra que 54% são de centro-direita e direita, 19% de centro e 43% de centro-esquerda e esquerda.

    Foram ouvidos 805 estudantes e 408 pais entre 25 e 30 de novembro. A margem de erro é de 4 pontos percentuais para a amostra dos alunos e de 5 para a dos pais.

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