Entender como funcionam no cérebro os mecanismos que fazem qualquer um aprender coisas novas é a proposta das especializações que unem conhecimentos de neurociência e de educação.

Na faculdade da Santa Casa de São Paulo, os alunos do curso de pós-graduação de neurociência aplicada à educação, em geral profissionais ligados ao ensino como professores e pedagogos, têm até aulas de anatomia para conhecer melhor o que vai dentro de um crânio humano.

Para Marília Albuquerque, gerontóloga e professora do curso, essas duas áreas devem caminhar juntas para explorar o que há por trás do processo de aprendizagem.

"A neurociência não vai reinventar a educação, mas ela pode dar bons instrumentos e fundamentos para o professor melhorar seu trabalho e ajudá-lo a elaborar estratégias mais eficientes", diz ela, que é responsável pela disciplina aprendizagem, memória e atenção.

O curso da instituição existe desde 2015 e tem a duração de dois anos, com aulas aos sábados, três vezes por mês. O processo de seleção, anual, envolve análise de currículo e uma entrevista.

ESTRATÉGIAS

A dificuldade de aprender é um dos principais alvos da pós-graduação.

"Muitas vezes o professor encontra um estudante com dificuldade e não consegue identificar o problema. Nessas horas é útil ir atrás do conhecimento de como o aluno aprende", diz Ana Maria Damiani, bióloga e coordenadora da especialização em neurociência aplicada à educação da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo.

Segundo Damiani, o estudo das engrenagens que nos permitem aprender é um diferencial para educadores.

"Um professor capacitado pode desenvolver novas estratégias, mais adequadas para os diferentes tipos de estudantes", afirma ela.

O curso da Anhembi Morumbi dura 18 meses e pode ser feito no campus da Vila Olímpia (com aulas às terças e quintas à noite) ou no da avenida Paulista (aos sábados, o dia todo), ambos em São Paulo. A seleção, semestral, conta com análise de currículo e entrevista.

Na FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), em São Paulo, a especialização nessa área já existe há cinco anos. As aulas ocorrem durante um ano. Para completar o curso, o pós-graduando precisa apresentar um trabalho de conclusão. A seleção, feita com base no currículo e no perfil do candidato, é semestral.

"Quando o professor entende o funcionamento da linguagem e o desenvolvimento cognitivo para cada faixa etária, ganha mais ferramentas para facilitar o aprendizado", afirma Maurício Oliveira Rios, pedagogo e coordenador do curso.

Apesar de não existirem vagas de trabalho específicas para o profissional com esse conhecimento, Rios diz acreditar na possibilidade de que elas apareçam no futuro.

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	Adriano Vizoni/Folhapress
	Andrea de Paiva, 29, fez mestrado em neuroarquitetura e hoje é professora da FGV-SP

ONDA 'NEURO' ATINGE ATÉ A ARQUITETURA

Como os espaços influenciam o comportamento das pessoas? A neuroarquitetura, área em que Andrea de Paiva, 29, se especializou, tenta explicar exatamente essa questão.

"Se você estiver num ambiente de compras que tem um pé-direito bem alto, vai acabar comprando mais. O raciocínio fica mais lento. Mais desatento, você pode comprar até produto com defeito", diz.

Paiva largou os projetos de construção de escolas públicas que tocava em São Paulo para cursar um mestrado em neuroarquitetura na Middlesex University, em Londres.

"Eu era uma arquiteta clássica. A neurociência contribuiu para que eu atingisse com mais certeza o objetivo que um ambiente precisa alcançar."

Paiva escreveu um livro sobre o tema, virou professora da FGV-SP e presta consultoria para empresas. "Se a intenção é estimular a colaboração, eu integro os setores, mas sem tirar a privacidade dos funcionários. Ter um lugar é saudável para o cérebro."

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ONDE ESTUDAR

NEUROCIÊNCIA APLICADA À EDUCAÇÃO

MODALIDADE
especialização
ONDE
Universidade Anhembi Morumbi
DURAÇÃO
18 meses
QUANTO
R$ 9.639, à vista

NEUROCIÊNCIA APLICADA À EDUCAÇÃO

MODALIDADE
especialização
ONDE
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
DURAÇÃO
21 meses
QUANTO
R$ 11.445, à vista