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    vestibular no meio do ano

    opinião

    No vestibular, boa redação exige leitura ativa e pensamento crítico

    RAFAEL RIEMMA
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    14/05/2017 02h00

    Escrever um bom texto é desnudar a alma, mostrar quem somos e o que pensamos. Isso é tarefa árdua, porém a solução é bastante simples: treino.

    No vestibular, a percepção do candidato, suas experiências de vida e sua maturidade são elementos que influenciam diretamente a capacidade de escrita.

    Aprender a fazer um bom texto envolve desenvolver a habilidade de entender, com clareza, as ideias do tema a ser abordado. Envolve, também, passar a avaliar e questionar seus argumentos, suas verdades, bem como as evidências utilizadas para fundamentá-los -evidências essas gramaticais ou contextuais.

    Envolve ainda formar e justificar as próprias opiniões como leitor. Para escrever com qualidade, é preciso ser um leitor ativo. É preciso interagir com o texto, perceber o valor de cada vocábulo selecionado e o poder sugestivo que ele adquire no contexto em que foi usado.

    Keiny Andrade/Folhapress
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    Nos vestibulares, cobram-se dos candidatos habilidades para as quais eles normalmente não são (tampouco estão) preparados. Aprende-se, na escola, o posicionamento crítico sobre os mais variados assuntos e temas. Não se ensina, no entanto, de que maneira esses posicionamentos podem, no dia a dia, ser transportados da teoria para a prática.

    Nossa relação com as palavras vai do amor ao ódio. Com elas, afagamos e somos afagados. Injuriamos, defendemos, perdoamos (cuidado com a regência deste verbo!) e não há quem não seja por elas afetado.

    É importante, por isso, desenvolvermos pensamento e leitura críticos. Um cuidado muito importante é não deixar que nossas emoções e experiências forcem significações absurdas no texto.

    Pensar criticamente e escrever dessa maneira envolve todas as formas de comunicação: falar, ouvir, ler e escrever.

    A postura crítica requer, assim, pesar motivos, analisar tendências, perceber as possíveis leituras implícitas, deliberar em impasses, rejeitar o óbvio, explicar o que parece inexplicável, acreditar mesmo quando não se vê, desenvolver raciocínios além do lugar comum, descobrir o todo das meias-verdades, meias-palavras, outras verdades.

    Escrever de forma crítica, portanto, significa ser inquisitivo, estar bem informado, aberto a opiniões diversas, ser flexível, prudente ao fazer julgamentos, honesto ao enfrentar parcialidades, seletivo quanto a critérios.

    Significa, ainda, saber perceber tendenciosidades e preconceitos, integrar informações, gerar perguntas e alcançar conclusões sensatas. Repito: sensatas, isto é, exercitar parâmetros que conduzam a posturas democráticas e, tanto quanto possíveis, justas, em nossa vida diária e em nossos meios político e social.

    Rafael Riemma é professor de língua portuguesa, especialista em análise sintática pela Universidade de Lisboa e sócio-diretor do colégio Galois Águas Claras, em Brasília

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