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Secretária de Educação de Helsinque, Marjo Kyllonen |
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Educação
Thursday, 02-May-2024 08:47:55 -03Gestora finlandesa visita São Paulo e dá receita de 'escola do futuro'
PAULO SALDAÑA
DE SÃO PAULO12/05/2017 20h35
A Finlândia, referência mundial em educação, tem repensado seu sistema de ensino em busca da "escola do futuro". "O que foi bom para o passado não quer dizer que vai nos levar para o futuro", diz Marjo Kyllönen, pesquisadora da área e secretária de Educação de Helsinque.
A capital finlandesa tem liderado algumas das principais transformações no modelo educacional do país. O intuito é absorver metodologias e práticas mais conectadas com o mundo atual.
Fazem parte desse processo o rompimento com disciplinas isoladas, trabalho colaborativo entre alunos e professores e ensino a partir de projetos –com base em problemas desafiadores. Isso já está em curso por lá pelo menos desde 2015.
O objetivo é desenvolver competências que forme um "ator ativo" em uma realidade de rápidas mudanças tecnológicas e de comunicação.
Kyllönen, 58, visitou o Brasil a convite da Conexia, plataforma educacional do Grupo SEB. Na manhã de sexta-feira (12), a educadora falou no estande da empresa na Bett Educar, feira especializada em educação que ocorre em São Paulo até hoje.A reflexão de Kyllönen expõe, sobretudo, uma convicção de que falar de inovação na educação e do esforço para transformar o formato da escola é uma necessidade (urgente). "Nosso sistema foi construído para um mundo, uma indústria, em que tudo era previsível", diz ela, reforçando as poucas mudanças da escola desde o século 19. "Esse mundo não existe mais, agora ele é multidimensional e imprevisível".
A partir de uma reforma educacional realizada na década de 1970 a Finlândia alcançou nas décadas seguintes notoriedade pelos resultados educacionais, despontando nos rankings do Pisa (avaliação internacional com alunos de 15 anos). Kyllönen diz, entretanto, que esse redesenho do sistema é como "começar do zero".
Em Helsinque, já está em uso uma abordagem educacional ancorada em "fenômenos". O que inclui projetos interdisciplinares, que conecta o interesse dos alunos aos objetivos do currículo. O ambiente das salas também têm sido repensado, embora haja incentivo para que o ensino não fique preso na escola e se espalhe pela cidade –a equipamentos culturais e outros contextos que dê "sentido" e "autenticidade" ao conteúdo.
PROCESSO
Quando os novos objetivos do sistema educacional foram conhecidos, dois anos atrás, correu a notícia de que acabaria a divisão de disciplinas. Depois ficou mais claro que a alteração não seria tão radical (pelo menos por ora).
Mas o próprio governo ressalta que as novidades podem provocar impactos na colocação do país no Pisa. Em um documento do governo sobre a reforma curricular (iniciada em 2016), no formato de "perguntas e respostas", questionava-se se o país poderia perder posições após a mudança. A resposta foi: "Talvez, e daí?"
Segundo Kyllönen, a nova concepção transfere também o foco da avaliação. "Nosso foco é no processo, não mais no final", diz. A Finlândia, porém, permanece entre os países mais bem colocados no Pisa.
Mesmo com a presença da tecnologia (e abundância de informação), o professor continua com um papel essencial. "O papel dos professores irá mudar. Exige-se mais do que ensinar a partir dos livros, é necessário planejamento em conjunto."
A educadora insiste na importância do processo de inovação: em que o erro e tentativa são importantes. "As crianças são criativas. A gente deveria tirar vantagem dessa natureza, o fracasso não é perigoso", diz ela. "Os alunos precisam ser heróis do seu aprendizado", afirma a finlandesa.
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