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    educação a distância

    Taxa de evasão em cursos on-line chega a 50% e desafia instituições

    DENILSON OLIVEIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    27/07/2017 02h00

    Eduardo Knapp/Folhapress
    Sao Paulo, SP, BRASIL, 20-07-2017: Caderno especial sobre ensino a distancia. Foto dos personagens que ja fizeram ou fazem esse tipo de curso. Patricia Golini,30 (Analista de Comunicao) ATENCAO: foto requer tratamento especial (eliminar buracos e sujeira na parede e chao e fios que sustentam as nuvens!!!!!!!) (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress, ESPECIAIS).
    Patrícia Golini, 30, analista de comunicação

    Em 2015, a analista de comunicação Patrícia Golini, 30, matriculou-se num curso on-line de gestão de comunicação e marketing na USP. Sua experiência com educação a distância já somava duas tentativas frustradas.

    "Tinha começado curso de inglês e de especialização, mas não levei adiante", diz.

    Depois de três meses, ela deixou de acompanhar as aulas pelo computador e no fim do primeiro semestre tinha acumulado matérias.

    "A solução foi trancar a matrícula, guardar dinheiro e fazer uma pós-graduação presencial." Hoje, ela está a poucos meses de concluir sua especialização.

    A experiência de Golini ilustra um dos grandes desafios da educação virtual. Segundo o último censo realizado pela Associação Brasileira de Ensino a Distância, em 2015, a maior fatia das instituições que oferecem cursos regulamentados totalmente on-line apresentam taxas de evasão de até 50%. Nos cursos semipresenciais e presenciais, esse número é de 25%.

    Os principais motivos para a desistência dos alunos são falta de tempo, questões financeiras e dificuldade de adaptação à modalidade.

    "O Brasil tem problemas de evasão em todos os níveis de ensino e ainda engatinha quando o assunto é EaD", diz Renato Bulcão, conselheiro da Abed e professor da Unip (Universidade Paulista). Segundo ele, países como Canadá e Austrália, referências no assunto, utilizam essa metodologia há mais de 50 anos.

    No Brasil, a EaD foi regulamentada pelo Ministério da Educação no fim de 2005.

    Carlos Bernardo, professor do curso de Turismo e Hotelaria das faculdades Anhembi Morumbi e Senac, diz acreditar que o estudante brasileiro está se adaptando ao sistema. "Sinto que o interesse de boa parte dos alunos em sala de aula é maior do que o daquele que está atrás do computador. On-line, a adesão a atividades extracurriculares também é menor."

    SUPORTE

    Para Pedro Regazzo, diretor de EaD do Ibmec, a diferença no perfil do aluno de graduação e de pós-graduação influencia nos índices de evasão. "O jovem que entra na faculdade acabou de sair do ensino médio, está mais acostumado à sala de aula e precisa de mais suporte."

    Nas especializações e MBAs, o aluno tem mais facilidade de levar o curso até o fim. "Ele já está no mercado e precisa dessa formação para alavancar a carreira."

    No Hospital Israelita Albert Einstein, que oferece cursos de especialização para médicos, enfermeiros e técnicos, a evasão gira em torno de 13%.

    "Nossa principal estratégia para diminuir o afastamento do aluno está na metodologia, que tem conteúdo interativo e depende de uma integração entre estudantes e professores", afirma Sandra Oyafuso Kina, gerente de ensino a distância e tecnologia educacional da instituição.

    A dificuldade de atrair o estudante para as atividades virtuais não existe apenas em cursos de graduação ou pós. A rede de ensino de inglês Cultura Inglesa utiliza o ambiente virtual como complemento das aulas. A ferramenta só passou a ter uma adesão maior quando começou a ser oferecida em tablets e smartphones.

    "Após essa migração, 70% dos alunos começaram a acessar o conteúdo de forma online", diz o gerente acadêmico Vinícius Nobre.

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