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    Mau desempenho de alunos de 8 anos reforça plano de alfabetizar mais cedo

    PAULO SALDAÑA
    DE SÃO PAULO

    26/10/2017 02h00

    Diego Padgurschi - 27.mar.2017/Folhapress
    SÃO PAULO, SP, 27.03.2017: ALFABETIZAÇÃO-EDUCAÇÃO - Aluna do 1º Ano do ensino fundamental do colégio Santa Amália usa caderno de português. Escolas começam a alfabetizar as crianças em letra de forma. (Foto: Diego Padgurschi/Folhapress)
    Estudante do ensino fundamental faz exercício de alfabetização em escola de São Paulo

    Os planos anunciados pelo MEC (Ministério da Educação) para tentar reverter os baixos níveis de alfabetização indicam uma possível superação com relação à polêmica acerca da idade certa para que isso aconteça.

    Enquanto o governo tem defendido a meta para o 2º ano, o entendimento mais forte dentro do CNE (Conselho Nacional de Educação) é que o chamado ciclo de alfabetização se encerre no 3º ano. O CNE analisa a versão final da Base Nacional Comum Curricular e este é um dos pontos em discussão.

    Apesar do processo envolvendo a base, o MEC já direcionou os esforços da nova política de apoio à alfabetização para os dois primeiros anos. São nestas séries que atuarão os chamados professores assistentes.

    A pasta ainda vai adiantar para o 2º ano a próxima edição da ANA (Avaliação Nacional de Alfabetização). As duas primeiras, em 2014 e 2016, foram feitas no fim do 3º ano.

    Essa prova foi criada no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, em 2013. O programa estipulava como meta o 3º ano.

    Na ANA de 2016, cujos resultados foram divulgados na quarta (25), constatou-se que mais da metade das crianças no 3º do ensino fundamental de escolas públicas têm conhecimentos insuficientes em leitura e matemática –55%.

    Avaliação Nacional de Alfabetização - Mais da metade das crianças no 3º do ensino fundamental de escolas públicas têm conhecimentos insuficientes em leitura e matemática; dados de 2016, em %

    ANÁLISE

    Denis Mizne, diretor da Fundação Lemann, diz que o país não pode olhar os resultados ruins e entender que seria "difícil demais" progredir. Para ele, já há experiências no país de redes e escolas que alfabetizam até o 2º ano.

    "É importante a priorização, no primeiro e segundo o ano, do processo de alfabetização, sem a qual o aluno não vai conseguir avançar em nenhum outro ponto", diz.

    Defensor da meta até o 3º ano, Cesar Callegari, que preside a comissão que analisa a base no CNE, reconhece que a ANA induz a consolidação do entendimento do MEC. "Mas o mais importante é que haja na base uma progressão clara a cada ano".

    Para Olavo Nogueira Filho, do Todos Pela Educação, falhas na formação dos professores podem dificultar o processo. "Não basta colocar mais um professor na sala [como anunciado], isso tem que vir com bom preparo."

    Professor da Faculdade de Educação da USP, Ocimar Alavarse destaca a falta de conexão entre a divulgação dos resultados da avaliação e as possibilidades de intervenção nas escolas. Tanto pelas dificuldades de saber, pelos critérios da ANA, o que é de fato estar alfabetizado quanto pelo atraso com que os resultados chegam às escolas.

    "Os dados chegam no fim do ano e dizem respeito a alunos de 2016. Quando a escola quiser discutir, estará com defasagem de dois anos."

    As escolas ainda não receberam boletins pedagógicos com os resultados, o que deve ser feito nos próximos dias, segundo o MEC.

    Alunos com desempenho insuficiente - Por Estado, em %

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