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    Unicamp testa tecnologia 'anticola' eletrônica na 1ª fase do vestibular

    DHIEGO MAIA
    DE SÃO PAULO

    19/11/2017 02h00

    A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) vai testar pela primeira vez durante a aplicação das provas da 1ª fase de seu vestibular, neste domingo (19), um novo sistema de "anticola" eletrônica.

    Quase 84 mil candidatos responderão a 90 questões objetivas das disciplinas do ensino médio, além de conteúdo interdisciplinar, por cerca de 5h.

    A ferramenta promete ser capaz de detectar em tempo real o uso de qualquer equipamento de comunicação, como ponto eletrônico e celular, no ambiente de prova.

    O teste será realizado em 19 salas do prédio do Ciclo Básico –único local de prova dentro das dependências da universidade. No espaço, são esperados cerca de mil candidatos.

    A tecnologia flagra as "colas" porque capta por meio de uma rede de sensores qualquer emissão de radiofrequência via wifi ou bluetooth. Em cada uma das 19 salas e nos banheiros do prédio onde o teste será realizado, haverá um sensor instalado. Os equipamentos comunicam-se entre si e vão enviar sinais a um software que funciona na "nuvem".

    Será o software, o responsável por disparar os alertas, caso algum candidato esteja estabelecendo alguma comunicação eletrônica, para uma central de controle e monitoramento.

    A ferramenta foi desenvolvida pela Neger Telecom, uma "empresa-filha" da Unicamp formada por ex-alunos e que compartilha tecnologias com a universidade.

    Eduardo Neger, 44, diretor de engenharia da empresa, explica que o sistema busca a precisão. "Ele marca o horário, identifica a sala e o quadrante onde a comunicação eletrônica foi feita", diz.

    Para identificar com exatidão a pessoa que está colando, é necessário o uso de um sensor manual.

    O avanço do novo sistema está na forma remota de caçar o "colador", diz Neger. "No Enem [Exame Nacional do Ensino Médio], o governo usou sensores manuais. Toda vez que o candidato ia ao banheiro, era ostensivamente revistado. A distância, conseguimos flagrar o uso de qualquer equipamento eletrônico e acionar a segurança para fazer os procedimentos necessários."

    A empresa estima que assim que a fase de testes for concluída, a tecnologia será oferecida a um custo de R$ 250 por sala monitorada. "A ferramenta é apenas um pedaço do processo. O mais complicado será definir novas regras e treinar os aplicadores das provas."

    Para o sistema funcionar com eficácia, nem mesmo os aplicadores dos exames vestibulares e dos concursos públicos poderão usar celulares ou outros equipamentos que emitam radiofrequência.

    SEGURANÇA

    A Unicamp diz que nenhum candidato foi desclassificado nos últimos vestibulares pelo uso de "cola eletrônica". Mas a demanda por novas tecnologias para coibir fraudes no vestibular é urgente.

    "Os fraudadores são sempre mais espertos e criam táticas para burlar a segurança e colar. Fizemos a parceria com a Neger e vamos testar essa nova possibilidade", conta José Alves de Freitas Neto, coordenador-executivo do vestibular da Unicamp.

    A parceria não gerou nenhum custo e os testes do sistema anticola poderão seguir na segunda fase do vestibular da instituição.

    José Neto disse à Folha que a universidade gasta 8% do dinheiro captado com as inscrições (R$ 170) em procedimentos de segurança (transporte e guarda da prova) e no aluguel de equipamentos, como os detectores de metais.

    O coordenador do vestibular da Unicamp diz que apesar da crise pela qual as universidades públicas passam, o orçamento previsto da Unicamp para a realização dos próximos vestibulares poderá absorver o custo da nova tecnologia antifraude. "Mas a escolha da empresa fornecedora do serviço só sairá após uma licitação pública", adianta José Neto.

    A Neger Telecom, como "empresa-filha" da Unicamp, diz que vai ampliar a parceria com a universidade. A companhia prevê desembolsar até R$ 1 milhão nos próximos cinco anos para erguer e equipar o laboratório na área de inteligência espectral (monitoramento via radiofrequência), na Faculdade de Engenharia Elétrica. "Cerca de 80% do faturamento da empresa vem de produtos que não existiam há cinco anos. Somos muito dependentes de pesquisa. Por isso, precisamos da universidade para dar conta das novas demandas contemporâneas."

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