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Alunos têm aula de português em sala de aula lotada, na zona sul de São Paulo |
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Educação
Thursday, 21-Nov-2024 07:39:44 -03Desafio de currículo nacional será levá-lo a todas as redes municipais
PAULO SALDAÑA
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA16/12/2017 02h00
Base não é currículo. A frase, repetida por membros do governo e especialistas, simboliza um dos desafios para que o processo de definição dessa norma chegue com impacto nas salas de aula. Isso só será possível com uma prevista colaboração entre Ministério da Educação, Estados e municípios.
Enquanto a base determina, em geral, os direitos de aprendizagem de todos os alunos do país, o currículo de cada rede (ou escola) deve garantir o que está no texto nacional –mas precisa ir além. Tanto em relação a conteúdos importantes do ponto de vista da região e do histórico das escolas quanto no que se refere a estratégias do trabalho pedagógico nas salas.
Para isso, devem, ancorados na base, construir seus currículos próprios. O prazo para essa adequação é 2020.
O processo também inclui reformulação das avaliações federais (de alfabetização, ensino fundamental e médio) e dos livros didáticos, que deverão seguir o previsto na base curricular nacional.
Hoje, as atividades das escolas são fundamentadas sobretudo nos livros do programa federal (que não seguem uma diretriz única, e cada escola escolhe suas coleções) e nas avaliações, como a Prova Brasil (usada no cálculo do Ideb, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
A existência de uma base é vista como uma forma de reorganizar essa lógica, ao balizar o trabalho das escolas em conceitos e conteúdos nacionais explicitados. O que combateria, segundo seus defensores, desigualdades entre unidades e redes, além de definir progressões de aprendizado mais coerentes.
Idilvan Alencar, presidente do Consed (órgão que reúne os secretários estaduais de educação), diz que o primordial nesse processo será o apoio do MEC e de Estados aos municípios mais carentes. "A base tem potencial de reduzir desigualdades, mas temos que tratar municípios carentes e pequenos de forma diferente", diz ele, chefe da pasta de Educação do Ceará.
Para Alencar, os Estados devem montar equipes regionais. Isso pode facilitar a construção de currículos comuns em cidades vizinhas que compõem uma mesma realidade. "Estados precisam dar apoio porque têm equipes mais qualificadas e melhores condições, mas não precisamos repetir o trabalho."
No parecer aprovado nesta sexta (15), já há a previsão de colaboração do MEC com as redes para criar tecnologias para formação continuada de professores que já atuam. Será iniciada no ano que vem.
O próprio processo de criação da base, com o envolvimento do Consed e Undime (que agrega dirigentes municipais de Educação) já é importante e vai ajudar, segundo afirma Denis Mizne, diretor da Fundação Lemann –organização que responde pela secretaria-executiva do Movimento pela Base.
Mas ele ressalta: "Agora vem a parte mais difícil para criar currículos: o trabalho na ponta de formação continuada, ajudando os professores a conhecer a base e entender os desafios".
HISTÓRICO
A Constituição já prevê a fixação de conteúdos mínimos para o ensino fundamental. Aprovada em 1996, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) também reforçou essa necessidade e, em 2014, o Plano Nacional de Educação colocou a construção do documento como uma das metas.
Uma primeira versão foi conhecida em setembro de 2015, ainda no governo Dilma. Houve uma consulta pública pela internet e análises técnicas, que geraram um segundo texto. Já sob o governo Michel Temer, a terceira versão (sem o ensino médio) foi entregue ao CNE em abril deste ano para a última fase de análise.
Todos os textos sofreram críticas. Nem dentro do MEC há a avaliação de que o texto aprovado, mesmo revisado nos últimos dias, é perfeito. O clima esquentou na reta final, quando o debate no Conselho Nacional de Educação ficou pressionado pelo calendário do MEC.
Em nota, o Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária) avaliou que a base aprovada traz avanços em relação às versões anteriores, mas há pontos preocupantes. "Como a indicação da oferta do ensino religioso e a supressão das questões de gênero e de orientação sexual", diz.
A secretária-executiva do ministério, Maria Helena Guimarães de Castro, disse que as divergências ao aprovar a base neste momento não serão entraves na implementação. "Ganhou a base que foi desenvolvida e articulada o tempo todo com o conselho nacional, com as audiências públicas, com as entidades. É uma vitória do Brasil."
O parecer da base já prevê revisão. Cinco anos após a implementação, em 2025, o país deve voltar a discutir seu conteúdo.
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O que vem pela frente
Adaptações que serão feitas após a homologação da base
Formação continuada de professores
Cursos devem ser alterados até o fim de 2019, com a ajuda de ferramentas tecnológicas que devem ser oferecidas pelo MEC a partir de 2018Formação inicial de professores
Cursos devem ter seus currículos e programas adequados à base também até o fim de 2019Avaliação
Avaliações federais (de alfabetização e Prova Brasil) serão alteradas em 2018 e aplicadas em 2019 nos ensinos fundamentais e médioLivros didáticos
Edital de livros do 6º ao 9º ano deve ser preparado em 2018, para que as obras alteradas cheguem às escolas em 2020Currículos
Deverão ser adaptados pelas redes e escolas ao longo dos próximos dois anos e estar prontos para o ano letivo de 2020Base do ensino médio
Texto do MEC deve ser enviado ao CNE no 1º semestre de 2018 –possível mudança no Enem ficaria só para depois da aprovaçãoGênero e sexualidade
CNE deve emitir normas específicas sobre orientação sexual e identidade de gênero, após MEC ter enxugado o tema; não há prazo definidoRevisão da base
Uma revisão deverá ser feita 5 anos após a implementação efetiva do documento, prevista para 2020 (ou seja, em 2025)Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br
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