O "Buscapé" da alimentação saudável, um filtro que limpa água sem químicos e um aplicativo que incentiva a cidadania. Esses foram alguns dos resultados da vivência de um ano dos empreendedores sociais que participaram da terceira edição do programa Grow2Impact, criado pela Ashoka Brasil.
Ao longo de 2016, sete integrantes da rede da Ashoka passaram por mentorias com líderes do setor privado para desenvolverem melhor as respectivas teorias da mudança, tornando suas organizações mais sustentáveis financeiramente.
"Os empreendedores sabem do impacto, mas nem sempre conhecem um modelo sustentável", afirmou Deise Hajpek, coordenadora da rede no Brasil, durante o evento de apresentação quando empreendedores venderam suas ideias para a plateia, na quarta-feira (15).
Ao fazerem suas rápidas apresentações, chamadas de pitches, os empreendedores foram unânimes ao dizerem que o programa, mais do que ajudar no desenvolvimento de produtos, foi uma jornada de autoconhecimento.
"A Vera estava perdida no mundo", diz a fundadora do Instituto Movere, Vera Perino. "Precisei olhar para dentro e me encontrei no papel de empreendedora social."
Para um dos mentores Walter Link, fundador da Global Academy Foundation e um dos pioneiros do movimento que levou sustentabilidade às empresas, o programa tem todas as características de um MBA executivo, mas com um fator humano muito forte.
"Fizemos a parte óbvia do ensinamento, mas os fellows foram muito importantes no processo de cocriação. O especial [do programa] foi a profundidade humana."
Os empreendedores sociais, além da jornada de autodescoberta, desenvolveram produtos que precisam, agora, de financiamento para que as ideias saiam do papel. Veja quais são elas:
'BUSCAPÉ' DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Há 12 anos trabalhando com obesidade infantil, o Instituto Movere desenvolveu a ideia de um aplicativo para encontrar alimentos saudáveis com preços acessíveis em São Paulo. "Comer saudável é para todos, não só para quem está acima do peso", afirma a fundadora, Vera Perino.
Além disso, o produto, batizado por ela de "Buscapé" da alimentação saudável, seria um espaço para feirantes e pequenos produtores terem um espaço de divulgação.
ÁGUA FILTRADA SEM QUÍMICOS
Outra organização participante foi a Serta, que há 27 anos atua no semiárido nordestino trabalhando as potencialidades da região. O produto apresentado por Sebastião dos Santos, educador, purifica a água sem aditivos químicos e tem baixo custo.
Utilizando materiais comuns como canos e carregador de notebook, o filtro limpa os resíduos com luz ultravioleta e tem o custo de R$ 300 para uma casa, com manutenção de R$ ao mês, e R$ 400 para escolas.
MAIS CIDADANIA
O Instituto Nossa Ilhéus, que entrou para a rede da Ashoka no ano passado, incentiva e capacita pessoas para que elas entendam seu papel como cidadãos.
O projeto desenvolvido foi um aplicativo para que os serviços públicos sejam avaliados pelos próprios cidadãos, auxiliando na resolução de pontos críticos do município de Ilhéus, no sul da Bahia.
VULNERABILIDADE
Outra ideia para aplicativo desenvolvida em 2016 foi a do Saúde Criança, cofundado por Vera Cordeiro e que tem como foco famílias de crianças com doenças crônicas.
A tecnologia funcionaria como uma forma de ampliar o impacto do trabalho, que diminui em 86% as reinternações dos beneficiários da organização.
MICROCRÉDITO
Fornecendo pequenos empréstimos desde 2006 para que os habitantes da zona da mata de Pernambuco permaneçam no interior empreendendo, a Acreditar desenvolveu como um projeto um novo serviço para diminuir a evasão da zona rural.
A organização pensa em oferecer educação financeira, inicialmente subsidiada por empresas, para os empreendedores que tomam empréstimos.
CALENDÁRIO
Também recém-chegado à rede da Ashoka, o Kambôas, projeto socioambiental que trabalha com o fortalecimento da cadeia produtiva da melipolinicultura, desenvolveu como produto um calendário interativo.
Na peça, constariam as atividades de manejo que compatibilizam a produção de mel com outras atividades de subsistência de comunidades tradicionais.
INCLUSÃO
Fundado por Erika Foureaux, integrante da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais, o Instituto Noisinho da Silva trabalha no design de produtos para pessoas com deficiência.
O projeto desenvolvido no programa é um aplicativo para promover a inclusão social destes jovens impulsionando um movimento voltado para ocupação de espaços de lazer.