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    "Fui pego de surpresa", diz Jamelli, demitido do Santos

    BERNARDO ITRI
    DO PAINEL FC

    31/12/2010 06h42

    Demitido do Santos, o ex-gerente de futebol, Paulo Jamelli, falou à Folha detalhes sobre sua saída, problemas com jogadores e que não era a favor da demissão de Dorival Jr.. Veja a entrevista na íntegra.

    Como foi que você ficou sabendo da demissão?

    Não houve discussão alguma, briga, nada. No dia 15 de dezembro, o Pedro Luís me procurou e disse que o Santos não contaria mais comigo para o ano que vem, que eles queriam uma pessoa com perfil diferente. Acho que eles querem alguém que cuide mais da parte administrativa, de planilha. O Pedro me pediu para que eu não falasse nada, que minha saída seria divulgada depois do Natal. Aí, na terça-feira agora, ele conversou comigo e confirmou minha demissão.

    23.set.2010-Divulgação
    Jamelli, que foi demitido do Santos
    Jamelli, que foi demitido do Santos

    O que você acha que foi decisivo para sua saída?

    Sinceramente, não sei. Fui pego de surpresa. Penso que fiz um trabalho bom no Santos, montei o time que foi muito vencedor em 2010, que foi sensação até o meio do ano. Para mim, foi estranho. Acho que em time que está ganhando não se mexe. Minha passagem, eu acho, vai ficar para história. Ninguém fala de quem traz lucro para o clube. Olha o que aconteceu este ano no Santos. O Paulo Henrique e o Neymar, que não jogavam em 2009, estão muito valorizados. O André e o Wesley foram vendidos por um valor altíssimo.

    Os problemas com o Robinho, na Copa do Brasil, não arranharam sua imagem?

    Nunca tive problemas com o Robinho. O Robinho foi um dos caras que mais me ajudou no clube.

    Houve alguma discussão com dirigentes do clube que contribuiu para sua saída?

    Não teve nada disso. As conversas com o Pedro Luís foram tranquilas. Falei também com o Fernando Silva e a conversa foi boa também. Foi o Fernando que me levou para o Santos. Agora, ainda não falei com o Luis Alvaro e estou muito ansioso para falar com ele. Tenho uma relação com ele como pai e filho.

    O que, nesse tempo que ficou no Santos, você viu que aconteceu de certo e errado?

    A montagem do time para este ano, eu acho que foi a melhor coisa que fiz. Fiz junto com o Dorival Jr.. Fizemos várias apostas e todos diziam que o Santos iria brigar para não cair. Não foi isso que aconteceu. O pior momento que passei lá foi durante a demissão do Dorival Júnior. Tinha muito carinho por ele e uma relação muito boa.

    Você era contra a demissão do Dorival Jr.?

    Não é que eu era contra, mas não aconteceu no momento certo. Os jogadores não queriam que ele saísse, ele não queria, o Santos não queria, mas são coisas do futebol. Ele fez um grande trabalho. Se ele ficasse e o Paulo Henrique Ganso não tivesse se machucado, nós teríamos grandes chances de ser campeão brasileiro.

    Você, no Santos, o Antonio Carlos, no Corinthians, e o Toninho Cecílio, no Palmeiras. Todos foram demitidos. Você acha que há alguma perseguição contra os gerentes de futebol?

    Não sei. Acho que pode ter sido coincidência. O fato é que nós, como três ex-jogadores, somos caras conhecidas, que as pessoas encontram nas ruas e cobram. Então, tudo o que acontece de bom ou de ruim cai sobre nós. Eu não fiz nada para contratar o Robinho, por exemplo. Foi uma grande jogada do marketing do Santos. Aí, quando acontece algo de ruim, sou eu que sou o criticado.

    Como era a sua relação com os jogadores mais jovens? Em alguns episódios ruins, como a Twitcam e insubordinações, o que você fez?

    Sempre tive uma relação boa com os jogadores. Agora, o que acontecia é que eles me respeitavam porque eu fui jogador também e passei pelas mesmas coisas que eles estão passando. Sempre que acontecia algo ruim, eles entravam na minha sala e diziam "Pô, Jamelli, você já foi jogador, sabe como é". Eu falava que sim, fui jogador, e, por isso mesmo, sabia que eles estavam errados. E os cobrava.

    A escolha do Adilson Batista, você participou?

    Participei. Não me envolvi em valores da negociação, mas sim das questões técnicas.

    Você chegou a fazer planejamento da pré-temporada e contratações?

    Sim. Fui a Curitiba encontrar o Adilson e discutir o que deveria ser feito. A pré-temporada está pronta desde novembro. Quem entrar no meu lugar, não vai precisar fazer muita coisa.

    Houve divergências de ideias entre você e o Adilson?

    Não. Nós discutimos alguns nomes, mas, como fui demitido dia 15, não participei das negociações que aconteceram.

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