Uma amizade de longa data estremecida. É assim que os técnicos Tite e Luiz Felipe Scolari estão no momento. E o corintiano não dá mostras de que os laços voltarão, algum dia, a se estreitarem.

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A celeuma envolvendo os dois teve início no fim do ano passado, quando o Palmeiras de Scolari perdeu para o Fluminense enquanto o time carioca disputava com o Corinthians o título brasileiro.

Folhapress

Reprodução com Tite (esq.) e Scolari

Já neste ano, Scolari saiu em defesa de Tite após o Corinthians ser eliminado pelo Deportes Tolima, da Colômbia de forma vexatória da Taça Libertadores. O palmeirense declarou que se a permanência de Tite estivesse condicionada à vitória no clássico válido pela fase de classificação do Paulista, ele gostaria de perder o jogo. O corintiano venceu o duelo, mas não gostou, mais uma vez, do comportamento de Scolari.

Também pelo Paulista, mas desta vez na semifinal, o encontro entre Corinthians e Palmeiras foi eclipsado pela discussão entre os técnicos que resultou na expulsão de Scolari, depois de o palmeirense ter feito, com a mão, o gesto de que estava sendo "roubado" e de ter pedido a exclusão também de Tite. A relação, que estava ruim, azedou de vez.

Nesta terça-feira ele foi mais uma vez bombardeado com perguntas sobre o rival palmeirense. Primeiro Tite se irritou com a repetição dos questionamentos. Depois fez caretas e, por fim, já relaxado, riu de toda a insistência dos presentes.

Logo na segunda pergunta da sua entrevista coletiva ele foi questionado a respeito. Mas saiu pela tangente e preferiu falar da partida em si. Ao ver que as questões não iam cessar, se irritou.

"Não vou falar sobre Felipão. Não estou incomodado. É questão de respeito pessoal, não profissional. Tem muitas outras coisas mais importantes a respeito do clássico", bradou.

Na sequência, ele foi questionado sobre o quanto influencia a ausência do treinador no banco de reservas. Scolari foi suspenso pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e não estará na beira do gramado no próximo domingo, no clássico contra o Corinthians.

"Sem nenhuma alusão ao outro lado, não vou pautar vocês [jornalistas]. Mas tem muitas coisas que eu não consigo compreender", disse um enigmático Tite.

Já no fim da coletiva, mais uma tentativa de arrancar do técnico se a ausência de Scolari fará alguma diferença. Desta vez o repórter usou uma artimanha e questionou Tite sobre o que é melhor, assistir o jogo no banco de reservas, ou de uma tribuna, no alto, de onde se pode ter uma visão melhor de todo o gramado. Primeiro ele riu e sacou a esperteza implícita na questão. Depois ele parou, pensou e, enfim, respondeu.

"Eu era meio-campista e, como meia, a gente tem noção de profundidade. Eu consigo ter uma noção de profundidade do banco de reservas. E é isso que facilita, inclusive, que eu seja técnico", disse, aos risos, para depois completar. "Eu entendo [os questionamentos da imprensa], mas a gente tem que ter cuidado para não fugir do que, para mim, é essencial no momento. Todos os outros fatos são secundários", finalizou o comandante alvinegro.

	Ricardo Nogueira- 01.mai.2011/Folhapress
	Scolari aponta para Tite (de costas) durante discussão na semifinal do Campeonato Paulista-2011