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    Cartola quer melhoria de acessibilidade na Rio-2016

    JAIRO MARQUES
    ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

    01/09/2012 06h29

    Na vitória da seleção paraolímpica de vôlei sentado contra Ruanda, por 3 a 0, estava na plateia o presidente do Comitê Paraolímpico Internacional, o ex-para-atleta inglês Philip Craven, que é cadeirante. O cartola falou à Folha sobre os Jogos do Rio, e desafios brasileiros de acessibilidade. Leia trechos.

    Olivia Harris - 28.ago.12/Reuters
    Philip Craven é presidente do Comitê Paraolímpico
    Philip Craven é presidente do Comitê Paraolímpico

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    Folha - Qual a expectativa do senhor em relação à Rio-2016?
    Philip Craven - O Brasil mandou um grupo grande de observadores para cá. Acredito que eles estejam aprendendo muito com o exemplo de Londres. Ainda faltam quatro anos e só posso esperar que o Rio faça Jogos ainda maiores e melhores que os daqui.

    Há problemas sérios de acessibilidade no país. Vai haver tempo para saná-los?
    Um dos grandes legados da Paraolimpíada é a melhoria das questões de acessibilidade da cidade-sede, do país. Desde que houve o anúncio do Rio, entendo que se iniciaram progressos nesse sentido. As arenas paraolímpicas vão ser para todos ou serão transformadas em ambientes para todos. Não será feito tudo até lá, mas é preciso avançar da melhor forma possível no tempo que resta. As mudanças precisam continuar mesmo após 2016.

    Discutir inclusão é premissa da Paraolimpíada?
    Os Jogos são para premiar aqueles que fazem o melhor. Mas as suas implicações vão muito além disso. Eles provocam mudanças de percepção do potencial, das qualidades das pessoas com deficiência. Isso é extremamente positivo.

    Para-atletas disputando a Olimpíada são tendência?
    Não acredito. Todos falam do Oscar Pistorius [corredor biamputado sul-africano]. Ele fez isso em Londres, mas já havia acontecido em Pequim, com a mesa- -tenista polonesa Natalia Partyka. Normalmente, há um ou dois atletas com deficiência na Olimpíada. Isso não depende só de talento esportivo extraordinário, mas também de capacidades físicas.

    Há notícias de para-atletas que se automutilam para, supostamente, ter melhor rendimento. O comitê está acompanhando isso?
    Isso não nos preocupa. O comitê conhece essa prática há uns 15 anos. Esse potencial de aumentar a pressão sanguínea causando em si mesmo um ferimento só faria sentido em um grupo muito restrito de para-atletas, com lesões medulares, que perderam parte da sensibilidade no corpo. Para os outros, seria um inconveniente disputar uma prova machucados. Mas o comitê acompanha, fiscaliza e toma providências para que isso não aconteça.

    As arenas paraolímpicas estão lotadas. O sucesso se deve a uma campanha de marketing?
    Houve grande mobilização da mídia e dos comitês nacionais, que têm mostrado que os Jogos são uma competição de esporte e não para mostrar as deficiências das pessoas. Oferecemos super-humanos, humanos que são muito bons humanos. Algo até melhor do que um super-herói.

    O jornalista JAIRO MARQUES viajou a convite do Comitê Paraolímpico Brasileiro

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