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    Há 50 anos, Pelé fez num clássico o pouco falado 500º gol

    MILTON PAZZI JR.
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    02/09/2012 04h06

    Faz 50 anos neste domingo que Pelé registrou uma marca embaçada pelo tempo e por seus outros feitos: o 500º gol. O jogo valia pelo returno do Campeonato Paulista de 1962 e Santos e São Paulo empataram em 3 a 3, em uma Vila Belmiro mais modesta que a atual e que recebeu 15 mil pessoas numa tarde de calor.

    Nos jornais da época, o feito passou despercebido. A Folha, no dia seguinte, informava: "Foi corintiana a 16ª rodada do campeonato". Prevaleceu o fato de o Corinthians ter diminuído a diferença na classificação de menos pontos perdidos (sistema em vigor na época), o que, porém, não impediu que o Santos fosse campeão.

    Editoria de arte/Folhapress
    Arte mostra o gol número 500 de Pelé, contra o São Paulo
    Arte mostra o gol número 500 de Pelé, contra o São Paulo

    Pelé, que só tinha 21 anos e estava apenas na sua sétima temporada, ainda se lembra de que os companheiros de time já cobravam o gol de número 500. "Jogar contra time grande a gente nunca esquece. Meus companheiros de time, Pepe, Zito, Coutinho, me provocavam, do tipo 'tem que fazer o gol 500'", contou.

    Em campo, Pelé estava com a camisa 10 de sempre, num uniforme listrado. O São Paulo jogou de branco. Época das camisas de algodão, calções e meias amarradas com cordão para não cair (não tinham elástico). O gramado, irregular e inexistente nas áreas, era seco e duro, assim como as chuteiras, de travas com pregos.

    "Nessa época era o alçapão da Vila, lá ninguém ganhava. Sempre caíam", disse Pelé sobre a dificuldade de bater o Santos em casa. "Não tenho certeza, mas saímos da concentração na chácara Nicolau Moran, ao lado da represa Billings, direto para a Vila [pouco mais de uma hora de viagem, descendo a serra do Mar pela rodovia Anchieta]."

    'AQUI NÃO'

    O jogo teve três pênaltis, convertidos nos três primeiros gols: Dias fez o primeiro para São Paulo. Pelé empatou e Dias fez 2 a 1, com 22 minutos de partida.

    "No São Paulo tinha o Bellini [zagueiro e capitão na Copa-1958], que era meu amigo na seleção brasileira, e o [Roberto] Dias, que era meu marcador. Na hora do jogo diziam 'em cima da gente não, crioulo'", relembrou.

    Zanone Fraissat - 8.mai.12/Folhapress
    Pelé em foto de maio deste ano; há 50 anos, ele marcava o seu gol número 500
    Pelé em foto de maio deste ano; há 50 anos, ele marcava o seu gol número 500

    Mas, aos 31 minutos, em um ataque rápido, Coutinho avançou com a bola e tocou para Pelé, que chutou da meia-lua, forte com curva, no canto direito do goleiro Suli (gaúcho, veterinário e que defendeu o time tricolor por cinco anos). Ele saltou, mas não evitou o gol e o 2 a 2. Dorval ainda virou para os santistas e Sabino --este no segundo tempo-- garantiu o empate.

    No dia 2 de setembro de 1962, Pelé ainda "nem sonhava com o milésimo gol", mas, ali, em um jogo que mereceu pouco destaque nas páginas esportivas, desenhava-se um mito que, no decorrer da carreira, somou 1.281 gols em 1.375 jogos.

    MÉDIAS

    Até 1962, Pelé tinha sete anos de carreira e uma média de mais de um gol por partida. Tinha 21 anos e dez meses quando fez seu 500º gol. O craque terminou aquela temporada com 73 gols em 59 jogos, média de 1,24 gol por jogo.

    No ano seguinte fez um gol a mais (74 gols em 59 partidas, média de 1,25). Em 1961, fez 111 gols em 75 jogos, média de 1,48, o seu melhor ano. Para chegar ao milésimo gol --marcado de pênalti na vitória de 2 a 1 contra o Vasco no Maracanã, em 1969--, passaram-se outros sete anos.

    Dadá Maravilha só chegou gol de número 500 aos 29 anos, Túlio, aos 30, Romário, aos 31, e Bebeto, aos 35. Outros impedem comparações por divergências históricas (como Artur Friedenreich).

    Se mantiver o ritmo, Neymar, que tem média de 0,58 gol por jogo a cada ano (somando Santos e seleção principal), levará cerca de nove temporadas (estará com 26 anos) para fazer 500 gols.

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