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    Verba para formar atletas olímpicos está parada na poupança

    EDUARDO OHATA
    DE SÃO PAULO

    19/12/2012 06h19

    A pouco menos de quatro anos dos Jogos Olímpicos do Rio-16, R$ 60 milhões, oriundos do governo e carimbados com o objetivo de formar atletas olímpicos, estão parados em uma conta de poupança.

    Uma quantia mensal, referente a 0,5% da porcentagem da verba arrecadada pelas loterias a que o Ministério do Esporte tem direito, tem sido depositada em conta da CBC (Confederação Brasileira de Clubes) desde março.

    O depósito inicial foi retroativo a 16 de março do ano passado, quando a presidente Dilma Rousseff sancionou as alterações na Lei Pelé. A mudança no texto deu à CBC o direito de receber essa verba governamental, que deveria ser repassada ao Confao (Conselho dos Clubes Formadores de Atletas Olímpicos).

    A busca do conselho por um auxílio financeiro do governo federal incluiu até uma queda de braço com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

    Os clubes alegaram que eles produzem a matéria-prima --atletas das categorias de base-- que se transforma em competidores do esporte de alto rendimento.

    Rodrigo Facundes/Divulgação
    Jovem ginasta treina nas dependências do Esporte Clube Pinheiros
    Jovem ginasta treina nas dependências do Esporte Clube Pinheiros

    No início de sua campanha pelo auxílio do governo, os clubes pleitearam receber 30% da verba da Lei Piva, dinheiro das loterias direcionado ao COB --a entidade, por sua vez, repassa uma porcentagem para as confederações esportivas nacionais.

    Não conseguiram, mas ficaram com parte do dinheiro que vai para o ministério.

    A verba parada na conta da CBC, por exemplo, seria suficiente para bancar todos os projetos do Clube Pinheiros para formação de atletas nos últimos quatro anos --a instituição, via lei de incentivo fiscal ao esporte, captou R$ 38 milhões para atender 600 jovens entre 14 e 19 anos.

    Os valores empregados na formação de atletas olímpicos varia de acordo com histórico e contexto de cada um.

    Apoio de pais, confederações, dinheiro de clubes, das diferentes esferas de governo --por meio de programas como o Bolsa Atleta ou leis de incentivos fiscais-- e eventualmente até o dinheiro do COI (Comitê Olímpico Internacional) entram nessa conta.

    O presidente da CBC, Arialdo Boscolo, justifica que é a cautela que o impede de distribuir o dinheiro recebido.

    "A alteração na Lei Pelé foi sancionada, só que falta ser aprovada a regulamentação [texto que explica, em detalhes, como funcionam as ações que no texto da lei dão margem a interpretações diferentes]", afirma Boscolo.

    "Você me perguntou por que não uso [o dinheiro]? Então me diga como. A decisão de não distribuir foi aprovada pelo próprio segmento na Assembleia Geral dos clubes. Minha decisão está calçada na lei e até em meus pares."

    Porém, o próprio governo federal apresenta uma perspectiva diferente da questão.

    Segundo a assessoria de imprensa do Ministério do Esporte, legalmente, não existem empecilhos para a CBC utilizar esses recursos já.

    Representantes de clubes dizem que não há problema para o uso imediato da verba. Lembram que COB e CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro) desenharam as suas próprias metodologias para distribuição do dinheiro e, posteriormente, submeteram a documentação ao TCU (Tribunal de Contas da União).

    Rodrigo Facundes/Divulgação
    Treino de atletismo nas dependências do Esporte Clube Pinheiros
    Treino de atletismo nas dependências do Esporte Clube Pinheiros
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