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    Novo critério de seleção revolta e acua jogadores de vôlei de praia

    FÁBIO SEIXAS
    DO RIO

    02/03/2013 05h20

    Receio de falar. Temor de represálias. Pedidos de anonimato na linha do "pelo amor de Deus". Atletas pensando em largar o esporte, outros já decididos a isso.

    Um cenário que ultrapassa fronteiras. De Fortaleza, um jogador forçado a parar afirma que "não é mais aquele esporte gostoso de jogar".

    No Rio, um atleta em atividade diz que "hoje a gente vive clima de total repressão".

    Dos EUA, a tricampeã olímpica Kerri Walsh crava: "Não há nada positivo nisso".

    Isso é o novo sistema da FIVB (Federação Internacional de Vôlei) para selecionar os atletas para o Circuito Mundial de vôlei de praia.

    Em 2013, a federação adotou o formato de seleções. Só convocados, indicados pelas confederações nacionais, podem representar seus países.

    Até 2012, as vagas eram dadas de acordo com o ranking.

    Atletas dizem que o novo formato abre brecha para ingerências políticas e acusam a CBV (confederação brasileira) de falta de transparência.

    "Eu não veria problema nenhum se a gente soubesse qual é o critério para estar lá", diz atleta alijado da seleção.

    Ele pediu "pelo amor de Deus" para não ser identificado por temer represália.

    Apesar de ter três filhos nas seleções, a ex-jogadora Isabel critica a novidade. "O circuito tem um ranking que é justo. Qual é o critério agora? Ninguém sabe. Acabaram com a meritocracia. Hoje me sinto desconfortável de pertencer a este esporte", afirma.

    Ouro em Pequim-2008 e penta do Circuito Mundial, Todd Rogers (EUA) diz não o porquê da mudança: "Estamos frustrados porque ninguém responde essa pergunta simples: 'Por que isso?'".

    No Brasil, o sistema ainda restringe o campo de trabalho de técnicos e preparadores físicos, já que os treinos são no CT de Saquarema (RJ).

    Um caso de busca por novos ares é o de Juca Dultra, que por 17 anos jogou o circuito profissional e agora é corretor de imóveis. "Tornou a profissão inviável. Os jogadores estão presos. Não falam nem opinam, com medo de não chegarem à seleção."

    Ary Graça, presidente da CBV e da FIVB, disse que só vai se pronunciar após reunião com atletas insatisfeitos, dia 9. Sobre o critério, a CBV diz que "funciona da mesma forma como em qualquer esporte" e comparou com as seleções de futebol e basquete, que não usam rankings.

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