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    Árbitro da decisão do Paulista já estuda virar comentarista e instrutor para novatos

    MARCEL RIZZO
    DE SÃO PAULO

    09/05/2013 12h00

    O jogo entre Corinthians x Santos, domingo, pela primeira partida da final do Paulista, pode ser a despedida do árbitro Wilson Luiz Seneme, 42.

    Reprovado em teste físicos da Fifa e da CBF, ele atualmente só pode apitar partidas de campeonatos estaduais por ter sido aprovado no último teste feito pela Federação Paulista de Futebol, em dezembro de 2012. Um problema no joelho esquerdo dificulta a realização da prova física.

    Em entrevista à Folha, ele falou sobre a possibilidade de parar, do que pensa para o futuro, se teme críticas caso erre na decisão, estando reprovado pela Fifa, e também da perda da vaga como árbitro brasileiro na Copa do Mundo de 2014.

    Folha: Teme que, caso falhe na decisão de domingo, seja lembrado que foi reprovado em testes da Fifa e da CBF?

    Seneme: Tenho 15 anos de arbitragem, 43 anos [completa em agosto], já reprovei em pelo menos dez testes e já fiz inúmeros clássicos pelo Brasil e pela América do Sul. Já passei por situações de erros e de acertos. Tudo que ocorrer, independentemente do lado bom ou ruim, não vai ser novidade. Estou preparado, tranquilo, o erro faz parte, a minha intenção é ir para o jogo para fazer o melhor.

    Você ter ficado fora da Copa do Mundo pesou nessa possibilidade de parar de apitar antes de completar 45 anos?

    Na verdade, desde que fui indicado já tinha o problema físico. Com essa realidade física, das dificuldades que teria, já foi um mérito muito grande ser indicado, ter sido o primeiro árbitro indicado. Demonstrou que fui pela qualidade técnica e fico muito feliz por isso. As provas para a Copa do Mundo são ainda mais difíceis. De maneira nenhuma me sinto frustrado, só eu sei a longo de 15 anos tudo que superei e ter sido indicado, depois de ter passado por três cirurgias, me deixou muito envaidecido. Muitos médicos, quando operei, recomendaram que eu não iria mais fazer atividade física.

    Já parou para pensar friamente que pode ser o seu último jogo na carreira?

    Na verdade, nas últimas rodadas do Campeonato Paulista sempre penso que aquele pode ser o meu último porque as escalas são feitas por sorteio e posso não ser sorteado. A cada sorteio para mim é uma felicidade, podendo trabalhar com esse pensamento (de parar). E agora tive essa sorte de ser sorteado justo para a decisão.

    O que mais dificulta para continuar?

    Em 2000 tive a lesão (no menisco), fiz três cirurgias para corrigir esse problema, mas realmente não ficou 100%. Então, nesses 13 anos, trabalhando, eu faço fortalecimento, mas a cada ano que passa as dificuldades vão aumentando. A grande dificuldade é passar pelo teste físico, o trabalho em campo não me atrapalha. A prova física é mais exigente do que o jogo, tenho essa dificuldade. Tenho feito fisioterapia, com orientação de preparador, mas é difícil. De coração, minha vontade é continuar, vou tentar, se for possível, mais algumas vezes fazer os testes. Mas se realmente perceber que não tem como conseguir, vou ter que buscar outras coisas, até dentro da arbitragem, que é meu desejo.

    Você é formado em educação física, não pretende seguir nessa carreira?

    A arbitragem também não te permite desenvolver outra carreira. Nesses 15 anos de arbitragem perdi semanas viajando, impossível ter uma carreira sólida paralela à arbitragem. E um professor de educação física também não tem um padrão de vida que o trabalho como árbitro de futebol te proporciona. Teria que buscar alternativa financeira. Também tem que a realidade do árbitro não é a mesma realidade de jogador, técnico, que fazem um contrato de 5 anos e se garantem para o resto da vida.

    O que pretende fazer ligado à arbitragem?

    Preciso ver os contatos que eu tenho. Pode ser algo como comentarista, ou dentro da arbitragem na Federação (Paulista de Futebol), instruções para árbitros, sou qualificado para fazer isso. Mas é preciso haver interesse de outros também.

    Quando você define se para ou continua?

    Na verdade, se não puder apitar o Brasileiro (depende de fazer novo exame físico na CBF), meu último jogo provavelmente será a final do Paulista. Não vou esperar mais um ano, não tem lógica.

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