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    Evair desenterra mágoas em novo livro e sonha em treinar o Palmeiras

    FABIO LEITE
    DE SÃO PAULO

    04/06/2013 03h54

    "O real estado clínico do centroavante Evair, que se apresentou ontem no Palmeiras, ainda é uma incógnita e sua contratação corre o risco de entrar para a galeria dos maus negócios do clube."

    A reportagem da Folha no dia 12 de junho de 1991 retratava a desconfiança que pairava sobre o jogador de 26 anos da Atalanta, da Itália, que chegava ao Palmeiras com uma hérnia de disco e nenhum título na bagagem.

    Pisco del Gaiso - 12.jun.1993/Folhapress
    Evair (agachado, 3º da dir. p/esq.) posa para foto com o Palmeiras antes do jogo final do Campeonato Paulista de 1993
    Evair (agachado, 3º da dir. p/esq.) posa para foto com o Palmeiras antes do jogo final do Campeonato Paulista de 1993

    Vinte anos após o título paulista de 1993, o autor do gol decisivo na final contra o Corinthians, que o fez ídolo no clube, revela no livro "Sociedade Esportiva Palmeiras 1993 -- Fim do jejum, começo da lenda" (BB Editoria, 180 páginas, R$ 54,90), com lançamento previsto para dia 12, que não superou o episódio.

    "Passando tudo que passei, conquistados todos os troféus que vencemos no clube, só imagino que, hoje, a Redação ao menos podia colocar um 'Erramos' por aquelas reportagens de 1991", diz Evair, hoje com 48 anos.

    Escrito pelos jornalistas Mauro Beting e Fernando Gallupo a partir do depoimento de Evair, o livro conta a trajetória do camisa 9 no clube até a conquista que encerrou jejum de 16 anos, nove meses e 25 dias sem títulos.

    Mas, como o próprio Evair recorda, em tom de mágoa, os céticos pareciam ter acertado após seu afastamento do time pela comissão técnica durante cinco meses em 1992.

    "O Nelsinho [Baptista] disse que eu estava afastado do time e do elenco (...) Olhei para o [diretor de futebol Gilberto] Cipullo e perguntei qual era a justificativa. Ele respondeu seco: 'deficiência técnica'", conta.

    Foi no período de exclusão (março a agosto) que Evair, que no ano seguinte ganharia o apelido de "Matador" jogando ao lado de Edílson "Capetinha" e Edmundo "Animal", virou evangélico.

    Evair teve preces atendidas por Otacílio Gonçalves, que substituiu Nelsinho. Mas só em 1993, com Vanderlei Luxemburgo, que o time montado pela Parmalat vingou.

    Mesmo favorito, o Palmeiras perdeu o primeiro jogo da final contra o Corinthians com gol de Viola, que imitou um porco na comemoração.

    Logo após o revés, Evair ainda teve de engolir seco a provocação de um vizinho corintiano no elevador de seu prédio. No dia seguinte, palmeirenses ligaram para sua casa oferecendo dinheiro para tirar o time da fila.

    Para o camisa 9, que diz ter recusado a oferta, ficou claro que o drama alviverde acabaria naquele 12 de junho após o primeiro gol no Morumbi.

    "Quando o Zinho faz um gol de pé direito é para quebrar qualquer tabu. Ele nunca acertou um passe, um chute de direita", brinca Evair, que, de pênalti, fez o gol do título na prorrogação.

    O título paulista de 93 foi o primeiro de uma série de seis campeonatos conquistados por Evair no Palmeiras, entre eles a Libertadores de 1999.

    Mas, para aqueles que pensam que a história dele com o Palmeiras acaba num livro, o ídolo deixa um recado.

    "Com a mesma convicção que, em 1991, ao chegar ao clube, disse que seria campeão no Palestra Itália, afirmo que vou ser um dia treinador do Palmeiras".

    Seria o retorno de Evair, agora sem a hérnia de disco, operada em 2001, mas com nenhum título em nove anos de profissão. "Já estou preparado. É questão de oportunidade", disse à Folha. "A desvantagem seria só minha, de perder o status conquistado com muito suor".

    Victor Moriyama/Folhapress
    Evair, que lanca livro sobre a conquista do Estadual de 1993
    Evair, que lanca livro sobre a conquista do Estadual de 1993
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