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    Não fui solto porque estava perto da cena, diz torcedor corintiano preso na Bolívia

    LUCAS REIS
    DE SÃO PAULO

    08/06/2013 03h10

    Dois advogados bolivianos caminharam até a cela em que estavam os 12 brasileiros presos em Oruro com um papel na mão. "Alguns de vocês vão ser soltos agora. Os outros vão ficar. Eis os nomes..."

    Quem conta é José Carlos da Silva Júnior, 20, um dos cinco torcedores do Corinthians que permanecem presos em cadeia da Bolívia, ainda sem perspectiva de saída.

    "[O advogado] foi falando nome por nome, até que ele terminou a lista. E meu nome não estava nela. Foi uma mistura de felicidade pelos que iriam sair, e tristeza pelos que ficaram", contou Júnior à Folha pelo telefone público de dentro da cadeia, que não faz, mas recebe ligações, após incontáveis tentativas.

    Os sete brasileiros soltos na última quinta-feira chegarão a Guarulhos amanhã, de acordo com os advogados da Gaviões da Fiel. Alguns queriam ficar na Bolívia até que todos os colegas fossem soltos, mas foram orientados a voltar para não atrapalhar o processo --e evitarem possíveis atos hostis de cidadãos bolivianos.

    Os cinco remanescentes, conta Silva Júnior, apenas aguardam "um milagre" nos próximos dias. "Tem feito frio de -9ºC à noite. É desanimador viver aqui, já são mais de cem dias. Parece que não vai acabar nunca", afirmou.

    Os advogados da Gaviões dizem desconhecer os critérios usados pela Justiça boliviana para soltar os sete brasileiros. Silva Júnior disse que receberam uma explicação de autoridades bolivianas.

    "Eu não fui solto por estar a três metros de quem lançou o sinalizador. Mas eu nem vi isso na hora, só fui ver depois, nas imagens da TV", disse. "Dois não foram soltos pois com eles foram encontradas bengalas [sinalizadores] e outros dois por terem vestígio de pólvora na mão", afirmou.

    Em meio à angústia, ele se apega à fé e às informações que chegam todos os dias. "Falaram que semana que vem pode haver uma surpresa. Os sete foram soltos sem audiência nem nada. Aqui a gente aprende a dar valor a coisas pequenas, à família."

    Os 107 dias preso, diz, o faz repensar o futuro. "Faz três anos que eu vou a todos os jogos do Corinthians, em outras cidades, fui ao Japão. Minha mãe falava: 'fica em casa'. Mas eu não dava ouvido. Agora, quando ela pedir, vou ficar. E ver o jogo pela TV."

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