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    Sem Bielsa, Santos não tem técnico estrangeiro desde 1978

    RAFAEL VALENTE
    DE SÃO PAULO

    18/06/2013 12h00

    A tentativa do Santos de contar com um técnico estrangeiro para assumir o time não é exatamente uma novidade para o futebol brasileiro e para o clube alvinegro.

    A direção informou na última segunda-feira que desistiu do argentino Marcelo Bielsa, ex-treinador de Argentina e Chile, com que negociava desde 1º de junho.

    Se desse certo, o acerto encerraria um "jejum" de 35 anos. A última vez que o time praiano contou com um "gringo" no comando técnico foi em 1978, com Ramos Delgado.

    Segundo o "Almanaque do Santos FC", o argentino ficou 26 jogos no cargo. Guilherme Nascimento, autor do livro, diz que Delgado foi o primeiro a dar chance para os garotos que formaram a primeira geração de "Meninos da Vila", como o meia Pita.

    27.abr.1970/Folhapress
    Ramos Delgado, quando defendia o Santos
    O zagueiro Ramos Delgado, quando defendia o Santos

    Já o primeiro treinador estrangeiro do Santos assumiu o time logo no ano de nascimento do clube, em 1912. Foi o irlandês Harold Cross por apenas dois jogos.

    Entre 1912 e 1978, o clube do litoral paulista teve outros 11 estrangeiros. A maioria foram "professores" uruguaios (quatro), além de dois italianos, um argentino, um austríaco, um húngaro, um paraguaio e um peruano.

    Muitos deles já estavam radicados no Brasil, como os italianos Caetano di Domenica e Giuseppe Ottina, nos anos 1940 e 1950. Outros vieram ao país para ajudar os clubes, como o uruguaio Pedro Mazullo, presente na transição para o profissionalismo.

    Com Bielsa, o Santos pretendia repetir a história. Segundo pessoa da diretoria, a intenção era "apresentar algo novo, inédito e que marcasse um novo clico no Brasil".

    BRASIL

    Praticamente todos os clubes tradicionais e de grandes torcidas no Brasil já tiveram técnicos estrangeiros. Muitos estavam radicados no país.

    Há casos marcantes, como os húngaros Nicolas Ladanyi, anos 1930, e Bela Guttmann, anos 1950, que ajudaram no desenvolvimento e apresentaram avanços táticos.

    O primeiro foi vitorioso com o Botafogo, e o último ficou marcado no São Paulo.

    Orlando Kissner - 31.jan.2006/AFP
    O técnico Lothar Matthäus durante treino do Atlético-PR, em Curitiba
    O técnico Lothar Matthäus durante treino do Atlético-PR, em Curitiba

    O argentino Filpo Nuñes, técnico da "Academia de Futebol", como ficou conhecido o Palmeiras nos anos 1960 e com passagens por Corinthians, Cruzeiro, Vasco, entre outros, foi o único estrangeiro a comandar a seleção brasileira. Em um amistoso contra o Uruguai, em 1965 --o time nacional foi representado pelo Palmeiras.

    Recentemente, o Brasil viu técnicos como o uruguaio Jorge Fossati, o argentino Daniel Passarella e o alemão Lothar Matthäus passarem pelo país e sem sucesso.

    O primeiro fracassou no Internacional (2010), o segundo no Corinthians (2005) e o terceiro no Atlético-PR (2006).

    Curiosamente, um que teve sucesso foi o chileno Roberto Rojas. Ele assumiu o São Paulo interinamente em 2003 e conseguiu classificar o time para a Taça Liberdadores-2004. Depois voltou a trabalhar na comissão técnica.

    Outro caso conhecido recentemente é do uruguaio Darío Pereyra. Após se aposentar no Brasil, iniciou uma trajetória por diversos clubes do país. Tem no currículo passagens por São Paulo, Corinthians, Atlético-MG e Grêmio. Seu último clube foi o Vila Nova --demitido em março deste ano.

    Fernando Santos -10.jun.2003/Folhapress
    O chileno Roberto Rojas na época em que trabalho como preparador de goleiros do São Paulo
    O chileno Roberto Rojas na época em que trabalho como preparador de goleiros do São Paulo

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