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    Centroavante muçulmano rejeita patrocínio e deixa time inglês

    RAFAEL REIS
    DE SÃO PAULO

    18/07/2013 03h44

    O Newcastle, quatro vezes campeão inglês e 16º colocado na última temporada, está prestes a perder seu principal atacante devido a uma saia justa religiosa.

    Adepto do islamismo, o senegalês Papiss Demba Cissé, 28, decidiu não viajar ontem com o elenco para uma semana de pré-temporada em Portugal por discordar do novo patrocinador do clube.

    O centroavante se recusa a vestir a camisa estampada com a marca da financeira Wonga.com, que paga 8 milhões de libras (cerca de R$ 27 milhões) por ano ao time.

    Cissé alega que não vai promover uma empresa que sobrevive da cobrança de juros em empréstimos, prática condenada por sua religião.

    "Para o islamismo, a usura é condenável. Mas ele poderia fazer propaganda para essa marca normalmente, só não pode ele mesmo emprestar dinheiro a juros", afirmou o doutor em filosofia medieval árabe e professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Jamil Iskandar.

    "Não é vedado a nenhum muçulmano fazer negócios com bancos ocidentais, que cobram juros altos. É uma interpretação própria dele", acrescentou o pesquisador.

    Outros islâmicos do elenco do Newcastle, como o volante marfinense Cheik Tioté e os meias franceses Moussa Sissoko e Hatem Ben Arfa, não apresentaram restrições ao novo patrocinador.

    A crise com Cissé começou no fim da temporada, quando o atacante anunciou que não usaria o uniforme com a logomarca da Wonga.com.

    O jogador chegou a propor ao Newcastle ter uma camisa especial, com um adesivo tampando o patrocinador ou a marca de uma instituição de caridade substituindo a logo da financeira, mas as propostas foram rejeitadas.

    O atacante se tornou a principal referência ofensiva do clube depois da ida de Demba Ba para o Chelsea, em janeiro. Na última temporada, ele anotou oito gols.

    Afastado do time principal do Newcastle, Cissé fará treinos individuais enquanto não houver uma definição sobre sua situação. O russo Anzhi tem interesse em contratá-lo.

    Esse não é a primeira saia justa entre o islamismo e os patrocinadores no futebol.

    O atacante malinês Frédéric Kanouté chegou a ter à disposição uma camisa personalizada no Sevilla antes de aceitar mostrar a marca da empresa de apostas 888.com.

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