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    Após Bolívia dar aval para libertar corintianos, tio de Kevin reclama de uso político de doação

    EDUARDO OHATA
    MARCEL RIZZO
    DE SÃO PAULO

    25/07/2013 03h28

    A Promotoria de Oruro, na Bolívia, emitiu parecer positivo para a libertação dos corintianos suspeitos da morte do jovem Kevin Espada, atingido por um sinalizador no jogo entre entre San José e Corinthians, no dia 20 de fevereiro.

    Após o jogo, 12 torcedores da equipe paulista foram detidos. Sete deles foram libertados em 6 de junho.

    A Justiça recebeu o pedido de libertação dos outros cinco torcedores ontem e determinou prazo de até cinco dias para apresentação de recursos. Se não houver pedidos, os torcedores serão soltos.

    Os promotores bolivianos emitiram o parecer favorável à libertação com base na justiça restaurativa, que prevê acordo entre as partes após o atendimento das necessidades de vítima e parentes

    A família de Kevin protestou contra a possibilidade de os torcedores serem soltos.

    A doação de US$ 50 mil (R$ 112,5) feita pelo Corinthians no início do mês foi primordial para que autoridades entendessem que houve reparo à família, e foi usada pela defesa para pedir a libertação.

    A Folha apurou que, na negociação entre Corinthians e o pai de Kevin, Limbert, em nenhum momento a possibilidade de os torcedores serem soltos foi posta em pauta.
    Pelo contrário. O pai do jovem afirmou que aceitaria o dinheiro porque precisava, mas que não condicionava isso à libertação dos presos.

    O tio de Kevin, e advogado da família, Jorge Ustarez, criticou a possibilidade de soltura."A maneira como o processo foi conduzido envergonha não a nós [bolivianos], mas os brasileiros", reclama. "A libertação dos corintianos não foi baseada em critérios jurídicos, mas em pressões econômicas e políticas."

    Questionado sobre o funcionamento da "legislação restauradora", Ustarez disse que "isso não tem a ver".

    "Todos tomaram vantagem por se tratar de uma família humilde, sem recursos. O Corinthians, políticos [o deputado Vicente Cândido esteve com o pai de Kevin], o governo e até a CBF e a confederação boliviana usaram um momento sensível para promover o jogo [Bolívia x Brasil]."

    Ustarez não confirmou e tampouco negou que a família de Kevin tenha recebido US$ 50 mil do Corinthians.

    "Não sei de nada. Pergunte isso para Limbert", limitou-se a dizer o advogado.

    Procurado ontem, o pai de Kevin, Limbert Beltrán, não respondeu recados deixados no celular e tampouco mensagem enviada por e-mail.

    O Corinthians, por meio de sua assessoria, informou que foi procurada pela família de Kevin para fazer a doação e que se sensibilizou com a situação dos parentes, com dificuldade até para pagar os custos que sobraram do enterro do garoto, em fevereiro.

    Informou ainda que em não fez o pagamento visando facilitar a libertação dos torcedores corintianos.

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