"Atenção Farah, a Gaviões jamais acabará!"
O que era um cântico de ameaça contra o então presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Eduardo José Farah, parece mais real do que nunca.
Acabar ou fechar com uma uniformizada, que presta serviços sociais e muitas vezes antissociais, é um discurso que até hoje só garantiu exposição para que um ou outro promotor obtivesse sucesso no mundo político.
Em agosto de 1995, depois do confronto pré-histórico entre palmeirenses e são-paulinos dentro do campo do Pacaembu, que terminou em morte, o Ministério Público e a FPF engrossaram o coro contra as gangues uniformizadas.
Na ocasião, a Mancha Verde foi a única que acabou `punida'. O punida fica entre aspas porque a torcida foi fechada e, logo em seguida, aberta com o nome de Mancha Alviverde. É praticamente a mesma coisa que a mulher que casa e acrescenta o sobrenome do marido. O CPF dela continua inalterado. O então presidente da torcida, Paulo Serdan, ainda culpou a organização do jogo no Pacaembu.
Agora, quase 20 anos depois, a Gaviões também culpou a segurança do estádio Mané Garrincha, no Distrito Federal, pela briga contra vascaínos. E o MP também repete o discurso e diz que quer fechar a maior organizada do Corinthians. Desta vez, porém, o promotor admite que tais medidas servem mais para pressionar a torcida organizada a coibir futuros episódios de violência entre seus associados. Em outras palavras, é o mesmo que a mãe que proíbe o filho de brincar com videogame, mas que em seguida vê o pai com o console ao lado do filho na frente da TV.
Mais do que acabar, é preciso fazer a lei valer. Agressão a terceiros e principalmente a policiais dá prisão. Na teoria, por mais que imagens de TV e de jornais mostrem os vândalos em HD, tudo acaba em nada.
Roberto Delduque - 25.ago.1996/Folhapress | ||
PMs tentam controlar briga entre entre as torcidas do Palmeiras e do São Paulo na final da Supercopa de juniores, no Pacaembu |