Um dos maiores ídolos do Palmeiras finalmente terá as contas ajustadas no clube.
Oberdan Cattani, 94, goleiro nos anos 1940 e 50, será homenageado com um busto no Parque Antarctica.
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Folhapress | ||
Oberdan foi jogador do Palmeiras nos anos 1940 e 50 |
A honra concedida até hoje somente a Junqueira, Waldemar Fiúme e Ademir da Guia foi aprovada anteontem pelo Conselho de Orientação e Fiscalização palmeirense.
A construção de um busto para Oberdan sempre foi considerada uma divida de gratidão do clube com o ídolo e único remanescente do período em que o Palmeiras ainda se chamava Palestra Itália.
Durante anos foi impedida com a justificativa de que a honraria somente poderia ser concedida a atletas que não tivessem enfrentado o Palmeiras - Oberdan encerrou a carreira no Juventus.
No estatuto do clube não há tal regra. O que havia era um acordo verbal para evitar que a homenagem fosse banalizada. A polêmica atrasou a aprovação do busto e só foi possível com a diretoria atual.
"Ele merece por toda dedicação, como jogador, sócio e conselheiro", disse o presidente Paulo Nobre à Folha.
SENHOR PALMEIRAS
Oberdan nasceu em Sorocaba (SP). Filho de pai italiano e mãe brasileira, era caminhoneiro antes de ingressar no Palmeiras, com 21 anos.
Em uma das viagens que fez à capital paulista, foi convencido pelo irmão Athos a fazer um teste no clube, em 1940. Foi o único goleiro escolhido entre 14 testados.
"O Caetano de Domênico [famoso técnico] arremessava a bola no gol usando as mãos e gritava 'vai, ragazzo'. Na minha vez, defendi uma e joguei outra para escanteio", lembrou Oberdan.
Ele foi tetracampeão paulista, campeão do Torneio Rio-São Paulo e da Copa Rio. Deixou o Palmeiras em 1954, contra sua vontade, e foi para o Juventus, da Moóca.
Oberdan saiu por decisão do presidente Pascoal Giuliano, até hoje um episódio que incomoda o ex-jogador.
Tudo que envolve Oberdan tem relação com o Palmeiras, inclusive a casa onde ele mora com a filha Walkyria e o genro Roberto, em Perdizes. O local fica a pouco mais de um quilômetro do Palmeiras e é inteiramente verde. Dentro há um museu com taças, medalhas e fotos de toda a carreira do ex-goleiro.
A coleção é mantida pela filha Walkyria, mas foi ideia de Marcília, mulher de Oberdan, falecida em 1977.
Até Marcília vivenciou na pele a paixão do ex-goleiro pelo clube. O casamento deles foi no salão nobre do Parque Antarctica, em 1945. As bodas de prata também.
Hoje, ele se orgulha de ser considerado uma bandeira do clube e ao relembrar a carreira. "O Palmeiras foi tudo na minha vida", resumiu.
Rafael Valente/Folhapress | ||
Oberdan mostra o acervo em sua residência |