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    Bom Senso faz seu maior protesto e atletas paralisam jogos do Brasileiro

    BERNARDO ITRI
    DO PAINEL FC
    MARCEL RIZZO
    DE SÃO PAULO

    13/11/2013 19h32 - Atualizado às 21h57

    Uma nova manifestação do movimento Bom Senso F.C. paralisou nesta quarta-feira os dois jogos das 19h30 do Campeonato Brasileiro por cerca de 30 segundos.

    Os árbitros das partidas da 34ª rodada desta quarta-feira deram início aos confrontos, mas os jogadores das equipes cruzaram os braços ou só ficaram trocando passes entre um campo de defesa para o outro.

    O gesto coletivo era um sinal de repúdio ao calendário do futebol apresentado pela CBF para 2015.

    Edu Andrade/FatoPress
    Jogadores do Grêmio e do Vasco seguram faixa em protesto contra a CBF, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre
    Jogadores do Grêmio e do Vasco seguram faixa em protesto contra a CBF, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre

    O plano do Bom Senso era que o protesto -inédito no futebol brasileiro- acontecesse nos sete confrontos desta quarta-feira pela 34ª rodada da Série A, inclusive nos jogos das 21h e das 21h50. E, de certa forma, em todos funcionou.

    No jogo Criciúma x Atlético-PR, no estádio Heriberto Hulse, em Criciúma (SC), também rolou o protesto e após o apito inicial e o primeiro toque na bola dos jogadores da equipe da casa, os atletas ficaram parados por quase 30 segundos. Já em e Botafogo x Portuguesa, no Maracanã, os atletas cruzaram os braços antes do apito inicial. Estas duas partidas começaram às 21h.

    Na partida Coritiba x Corinthians, em Curitiba, os jogadores do time paulista tocaram a bola nos pés de um rival que ficou parado, assim como os demais atletas, por 15 segundos. Na sequência, a bola foi devolvida a um corintiano.

    21H50

    Na rodada das 21h50, considerada horário nobre da TV aberta, o protesto continuou.

    No jogo São Paulo x Flamengo, em Itu, o goleiro Rogério Ceni bateu boca com o árbitro Alicio Pena Junior (MG) antes da partida. Mas ao invés dos atletas ficarem parados, jogadores de São Paulo e Flamengo ficaram trocando bola entre um campo de defesa e outro. O protesto nesta partida durou 58 segundos e os jogadores do Fla relataram ameaça de árbitro contra o protesto.

    No Barradão, em Salvador, o árbitro Paulo Godoy Bezerra (SC) deu uma bronca nos jogadores, que cruzaram os braços antes do jogo, mas não chegaram a paralisar a partida.

    Houve também manifestações antes das partidas. Os atletas das quatro equipes entraram nos gramados carregando faixas que diziam "Por um futebol melhor para todos" e "Amigos da CBF: cadê o bom senso?".

    ONDA DE PROTESTOS

    Essa foi a segunda e a mais forte manifestação dos jogadores dentro de campo -a primeira foi realizada na 30ª rodada, em meados de outubro, com um abraço coletivo de jogadores da Série A.

    Os atletas pleiteiam que a CBF reduza o número de jogos da temporada.

    O Bom Senso entende que não está sendo bem compreendido pela entidade e, por isso, decidiu realizar um protesto mais forte.

    A Folha apurou que o protesto desta quarta-feira vem sendo discutido há algumas semanas. No entanto, àquela altura, Dida, goleiro do Grêmio e um dos principais líderes do Bom Senso, ponderou que essa manifestação seria um choque excessivo no embate com a CBF. O grupo decidiu, então, cancelar o protesto.

    Reprodução
    Jogadores fazem protesto logo após o primeiro toque na bola durante jogo do Grêmio x Vasco
    Jogadores cruzam os braços e fazem protesto logo após o primeiro toque na bola durante jogo do Grêmio x Vasco

    Mas o goleiro veterano mudou de ideia nos últimos dias.

    Dida elaborou o texto divulgado pelo Bom Senso ontem, no qual o grupo previa a manifestação hoje.

    O levante foi costurado nos últimos dias por cerca de 20 dos jogadores mais influentes do grupo. Depois, o plano foi comunicado aos mais de mil atletas das séries A e B que compõem o movimento.

    O meio de comunicação entre os jogadores é sempre o "WhatsApp", aplicativo de mensagens por celular.

    A intenção de Dida era divulgar a nota um dia antes para que, ao verem os jogos parados, todos os torcedores entendessem que se tratava de ato do Bom Senso F.C..

    Entretanto, a ideia é que o modo como a manifestação ocorreria fosse guardada a sete chaves, justamente para ser uma surpresa geral.

    Até mesmo a TV Globo, dona dos direitos de transmissão do Brasileiro, não sabia que o protesto aconteceria.

    Os canais da emissora que transmitiram os jogos das 19h30 trataram o ato como se fosse um minuto de silêncio.

    A esperança do Bom Senso é que a CBF perceba a capacidade de mobilização dos atletas. E, a partir disso, marque um novo encontro com o grupo para rediscutir as propostas dos jogadores.

    A Globo também é vista pelos atletas como um meio estratégico para que consigam a reforma no calendário.

    A leitura dos líderes do Bom Senso é que, se o calendário proposto por eles tiver a chancela da emissora, dificilmente a CBF vai se opor.

    Editoria de Arte/Folhapress

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