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    Opinião: Eusébio deixa um sucessor, mas não perde a coroa

    JOSÉ BENEDITO DA SILVA
    EDITOR-ASSISTENTE DE "ESPORTE"

    06/01/2014 18h24

    Se um rei morre sem deixar claro quem é o seu sucessor, é grande o risco de seu reino ser entregue à balbúrdia, porque, como diz o adágio político, o poder não admite vácuo. Rei morto, rei posto.

    Se é assim, Eusébio pode partir tranquilo. A saída de cena do grande atacante português ocorre no exato momento em que ninguém tem dúvida de que ele tem um sucessor -e que este vem, como se diz, "voando baixo".

    É Cristiano Ronaldo, o fenomenal jogador do Real Madrid que passou 2013 demolindo recordes atrás de recordes, fossem eles de companheiros de clube, como Puskas e Di Stéfano, ou de seleção, como o próprio Eusébio.

    No dia 6 de setembro, Cristiano, em mais uma de suas atuações estupendas na temporada, anotou um hat-trick (três gols na mesma partida) na vitória de Portugal sobre Irlanda do Norte pelas eliminatórias da Copa de 2014.

    Com isso, chegou a 43 gols pela seleção e superou Eusébio, que tem 41 -nove deles na Copa de 1966, na Inglaterra, quando brilhou intensamente e levou Portugal ao seu melhor resultado em mundiais, um terceiro lugar.

    O feito abriu grande polêmica em Portugal: Cristiano já não seria o maior jogador luso de todos os tempos?

    "Ninguém se pode comparar a Eusébio. O Eusébio é o rei", disse então Luis Figo, outro dos maiores jogadores portugueses de todos os tempos, em referência ao apelido de "king" (rei, em inglês) que Eusébio carregava.

    Pauleta, Nani e outros atletas também opinaram, na maioria das vezes para dizer que Cristiano era craque, mas que o melhor era Eusébio.

    Na próxima segunda-feira, Cristiano pode ser ungido pela Fifa o melhor jogador do planeta -feito que já obteve em 2008. Ele concorre com Messi, que não teve o melhor ano de sua carreira, e com Franck Ribéry, o cerebral meia-atacante do multicampeão Bayern de Munique.

    Nos últimos 12 meses, Cristiano fez 69 gols em 59 jogos, uma média de quase 1,2 por partida. Alguns foram em jogos memoráveis, como o novo hat-trick que anotou na vitória sobre a Suécia por 3 a 2 na repescagem das Eliminatórias, resultado que trouxe Portugal à Copa no Brasil.

    Eusébio deixa um sucessor caminhando a passos largos para a coroação, mas não perde a coroa: continuará sendo um dos maiores personagens tanto da história lusitana como do mundo.

    Eusébio fez 638 gols em 614 jogos, ganhou 11 ligas nacionais pelo Benfica, uma Copa dos Campeões, foi artilheiro da Copa de 1966 e levou duas vezes a Bola de Ouro da Europa -quando não havia ainda o prêmio dado pela Fifa.

    Já Cristiano, ainda com 28 anos, levou cinco ligas nacionais, uma Copa dos Campeões, um Mundial de Clubes e foi eleito uma vez o melhor jogador do mundo pela Fifa.

    Com Portugal, foi vice-campeão da Eurocopa e quarto lugar na Copa de 2006, sob o comando de Luiz Felipe Scolari. Eusébio foi um pouco mais longe, ao ser terceiro lugar na Copa de 1966.

    Se melhorar a posição de Portugal no Mundial do Brasil, após ser aclamado de novo o melhor do mundo pela Fifa, Cristiano será coroado o novo rei português da bola.

    E Eusébio poderá descansar em paz. Haverá um novo "king" envergando o uniforme lusitano pelo mundo.

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