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    A um mês da Olimpíada de Inverno, Rússia prepara cerco à cidade-sede

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    08/01/2014 03h07

    A um mês dos Jogos de Inverno, a Rússia começou a blindar Sochi em meio a ameaças terroristas, atentados na região, protestos contra leis do país e o custo recorde da Olimpíada.

    A cidade-sede conta desde ontem com restrições extremas sob o comando do Serviço Federal de Segurança (a antiga KGB), uma medida inédita na história olímpica.

    Sochi é um balneário localizado entre o Mar Negro e as montanhas do Cáucaso, próximo a regiões separatistas.

    A entrada na cidade de 170 km² de área residencial (3.500 km² no total) está restrita aos cerca de 350 mil habitantes. Comparativamente, Florianópolis tem 421 mil habitantes e 435 km² de área total.

    Agora, seja por terra, pelo ar ou pelo turístico Mar Negro, é preciso autorização especial para adentrar Sochi, onde já foram instaladas 1.400 câmeras de vídeo.

    Embarcações militares e submarinos patrulharão a costa, e aviões de guerra e drones (não-tripulados), o espaço aéreo. O megaesquema de segurança custará US$ 3 bilhões (quase R$ 7 bilhões).

    Durante o evento, que ocorre de 7 a 23 de fevereiro, apenas moradores, credenciados e quem já comprou ingresso terão acesso à cidade.

    Quem quiser assistir às competições terá um "passaporte de espectador", com dados pessoais que serão encaminhados às autoridades de segurança do país.

    Ainda haverá zonas proibidas, nas quais o acesso pode ser totalmente suspenso.

    A vigilância também será realizada no ar, com sistema por satélite. Os militares ainda vão dispor do aparato de defesa antiaérea Pantsir-S, uma nova geração de mísseis.

    A Rússia fará um cerco nas comunicações por meio de um sistema que permite acesso às chamadas telefônicas, à internet e até às correspondências em papel.

    Entre policiais, agentes das Forças Armadas e do governo, serão cerca de 70 mil responsáveis pela segurança olímpica. São esperados cerca de 2.500 atletas de 88 países para os Jogos de Inverno.

    Na Olimpíada de Londres- 2012, havia 40 mil agentes de segurança. O evento na capital inglesa contou com 10.500 atletas de 204 países.

    A preocupação com a segurança em Sochi cresceu após os atentados de 29 e 30 de dezembro, quando 34 pessoas morreram em dois ataques suicidas em Volgogrado.

    Desde julho, havia a ameaça terrorista do chefe da rebelião islamita do Cáucaso, Doku Umarov, que exortou partidários para impedir os Jogos "por todos os meios".

    Kazbek Basayev/Reuters
    Policiais russo fazem patrulha em avenida próxima ao Parque Olímpico de Sochi, ontem
    Policiais russo fazem patrulha em avenida próxima ao Parque Olímpico de Sochi, ontem

    JOGOS DE PUTIN

    Os Jogos de Inverno são o maior evento organizado pela Rússia desde a queda da União Soviética, em 1991.

    O investimento na competição é de aproximadamente US$ 50 bilhões (R$ 115 bilhões), o maior da história olímpica, incluindo as edições de inverno e verão.

    Em Pequim-2008, foram mais de 80 mil agentes de segurança e gastos de US$ 43 bilhões (quase R$ 100 bilhões), recorde até então.

    Sochi também será uma das sedes da Copa do Mundo de 2018. Mas este gasto olímpico recorde entra na conta do presidente Vladimir Putin.

    O mandatário russo tenta usar o evento como vitrine própria e do país. E a Olimpíada já está sendo chamada de os "Jogos de Putin".

    No entanto, líderes mundiais como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a chanceler alemã, Angela Merkel, não vão participar da cerimônia de abertura, em 7 de fevereiro. O gesto é considerado um protesto contra as violações dos direitos humanos na Rússia.

    No fim de semana, Putin cedeu a pressões e autorizou manifestações contra as leis, mas em uma zona especial, fora das áreas de competição.

    Antes, houve ameaça de boicote de países em razão da política homofóbica de Putin.
    Foi criada no ano passada uma lei que limita atos públicos e manifestações dos gays.

    Em resposta, os norte-americanos enviarão atletas homossexuais a Sochi. Para comandar a segurança da delegação, foi chamada Janet Napolitano, ex-secretária da área no governo Obama.

    Além dos problemas políticos e de segurança, os russos ainda têm que se preocupar com as temperaturas na região. Caso o clima não colabore, Sochi já armazenou 16 milhões de m³ de neve.

    Nas últimas semanas, a temperatura não ficou abaixo de zero na região.

    Alexei Nikolsky/Xinhua
    O presidente russo, Vladimir Putin, reza em igreja de Sochi, ontem, dia do Natal ortodoxo
    O presidente russo, Vladimir Putin, reza em igreja de Sochi, ontem, dia do Natal ortodoxo
    editoria de arte/folhapress

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