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    Rio de Janeiro

    Baía de Guanabara suja expõe tensão entre velejadores brasileiros e estrangeiros

    ADRIANO BARCELOS
    DO RIO

    15/01/2014 00h32

    Na abertura da temporada de vela no país, semana passada no Rio, cerca de 300 atletas brasileiros e estrangeiros aproveitaram para se familiarizar com a Baía de Guanabara, onde acontecerão as regatas dos Jogos Olímpicos do Rio em 2016. Mas além das peculiaridades do mar carioca, eles encontraram lixo e água poluída.

    O velejador francês Jeremie Mion, que disputou a Copa Brasil na classe 470, elogiou a condição das marés e o vento, mas afirmou que a variedade de objetos encontrados na Baía de Guanabara já virou atração para os competidores.

    "Muitos velejadores fazem fotos de objetos que veem na água. Todos tem a mesma visão sobre o problema da sujeira aqui", disse, ao final de uma regata na quinta-feira. "Isso é o pior defeito deste lugar. Eu realmente espero que se consiga resolvê-lo até a Olimpíada", afirmou.

    Martine Grael, velejadora e filha do multicampeão Torben Grael, encontrou um aparelho de TV boiando enquanto praticava stand up paddle na semana passada.

    Reprodução/Twitter/@vsail
    Martine Grael posa com monitor de TV encontrado em Niterói
    Martine Grael posa com monitor de TV encontrado em Niterói

    Mês passado, o dinamarquês Allan Nooregard, medalhista de bronze em Londres na classe 49ers, comentou em uma rede social que a Baía da Guanabara "é um mau lugar para uma raia olímpica de vela. A água é poluída, suja e cheia de lixo. Ficamos doentes pelo contato da água e é impossível ter uma regata justa com todo o lixo trancando e atrapalhando. Algo sério precisa ser feito ou a vela olímpica deveria ser realizada em outro lugar".

    Também em uma rede social, as velejadoras britânicas Frances Peters e Nicola Groves escreveram: "O ponto alto foi nos esquivarmos de sofás enquanto as regatas aconteciam, arrancar um ganso morto do centro do barco e, o nosso favorito, encontrar uma placa de 'pare' no caminho da regata".

    A brasileira Isabel Swan, medalhista em Pequim 2008 e garota propaganda da campanha do Rio para sediar a Olimpíada, disse que problemas parecidos aconteceram na China.

    "Isso é remediável até a Olimpíada. Em Pequim, em julho, antes da Olimpíada, houve uma proliferação de algas. Ficou como se fosse um campo de futebol. E eles conseguiram limpar, mobilizando a população", contou.

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    Isabel acha "perigoso" embarcar na maré das críticas à Baía da Guanabara. Estrangeiros, como Nooregard, aventam a mudança de lugar da raia olímpica –o que eliminaria a vantagem competitiva dos brasileiros em um esporte em que o país frequenta o pódio com regularidade.

    "Tirar daqui pode ser interessante para eles", disse.

    A organização dos Jogos afirma que não há qualquer possibilidade de as regatas saírem da baía. A aposta da Rio 2016 é a operação de 18 "ecobarreiras" em rios e dez "ecobarcos", estruturas para coletar os detritos que hoje boiam na superfície da água.

    O coordenador do Psam (Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara) da Secretaria Estadual do Ambiente, Gelson Serva, afirma que será cumprida a meta assumida perante o COI (Comitê Olímpico Internacional) de aumentar de 35% para 80% o percentual de esgoto que é tratado antes de chegar ao mar.

    Com relação às regatas, Serva pondera que as condições da Guanabara são muito diferentes em janeiro e em agosto, período de disputa das medalhas. Como janeiro é normalmente um período das chuvas de verão, as águas costumam estar mais sujas agora do que no meio do ano.

    Reprodução/Twitter/@vsail
    Imagem de lixo boiando na Baía de Guanabara
    Imagem de lixo boiando na Baía de Guanabara
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